Para Pinheiro, aumentar o investimento e ampliar |
O setor de telecomunicação está entre as áreas da economia que mais crescem no País, concentrando R$ 86 bilhões em investimentos nos últimos quatro anos. Mas, apesar da alta cifra, o histórico quadro de insatisfação da população não dá sinais de reversão. Preocupado com esta situação o senador Walter Pinheiro (PT-BA) chamou representantes de agências reguladoras e especialistas para discutir soluções para a má qualidade dos serviços das telecomunicações na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática (CCT), na manhã desta terça-feira (24).
Aumentar o investimento e ampliar o rigor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Esta é chave defendida por Pinheiro para enfim dar uma resposta capaz de reduzir o registro de queixas. Segundo o levantamento mais recente divulgado pelo Procon-SP (órgão de defesa do consumidor), as empresas de telefonia lideram o ranking de reclamações. A campeã foi a Vivo, com 5.756 reclamações, seguida pelo Itaú, com 3.981. Em terceiro lugar, aparece a Claro, com 3.703 registros.
“A Anatel precisa agir e as empresas precisam cumprir a LGT [Lei Geral das Telecomunicações]”, argumentou o senador baiano. “A Anatel é insatisfatória, eu continuo reclamando, esse é um dos problemas centrais, as agências no Brasil precisam ter outro tipo de ação e atitude. A agencia só chega para dizer ‘Ah é? Aconteceu?’. Ela precisava se antecipar, garantir que funcione e não só constatando [os problemas] e aplicando multa”, completou.
Opinião semelhante foi compartilhada pela senadora Ângela Portela (PT-RR). Para ela, a empresa se habilita a cumprir metas estabelecidas em todas as regiões do Brasil e não as cumpre, recebe um alto índice de multas, muitas vezes não pagas, o que não soluciona o problema. Em sua opinião, se a multa não é suficiente para ajustar a atuação das empresas, então que se criem outros instrumentos para penalizá-las.
A adoção de medidas cautelares, como, por exemplo, a suspensão de vendas de chips; acompanhamento em tempo real das reclamações dos
Ângela Portela defende novos instrumentos de |
usuários e as soluções oferecidas e avaliações das empresas pela ótica do usuário, observando tarifação, cobranças, erros em faturas são algumas das alternativas possíveis à aplicação de multas. Todas essas inclusive foram recomendadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) à Anatel ao final de uma auditoria realizada em 2006. Entre 2008 e 2012, o TCU fiscalizou o cumprimento e a implantação das sugestões, mas “o grau de mudanças e melhorias na regulação foi baixo”, conforme revelou o secretário de Fiscalização e Desestatização do órgão, Marcelo Barros da Cunha.
Para o subprocurador geral da República e coordenador da 3ª Câmara (Consumidor e Ordem Econômica) do Ministério Público Federal, Antônio Carlos Fonseca da Silva, as operadoras transferem aos órgãos públicos a responsabilidade que é delas próprias, de resolverem os problemas de seus serviços. “As operadoras não prestam conta ao público, parece que todos os problemas das falhas de serviço são repassados para a voz da autoridade reguladora, está errado”, avaliou.
Tentando esquiva-se das críticas, o presidente da Anatel, Roberto Martins, listou uma série de ações da autarquia, como o compromisso das empresas de chegarem às áreas rurais, uma exigência feita das empresas que participaram da licitação da telefonia 4G. Além disso, mencionou serviços ofertados, como a consulta no site da Agência das empresas mais bem avaliadas em cada cidade, para os consumidores considerarem quem atua melhor em determinada região ao contratarem o serviço.
Acompanhamento
Um grupo de trabalho pode ser criado para acompanhar as metas estabelecidas pela Anatel para as telefonias – frequentemente descumpridas. Walter Pinheiro acredita que este é o caminho para obter soluções práticas e evitar as “choradeiras” das audiências públicas.
“As audiências viraram local comum onde qualquer um vem, constata chora, reclama, e no dia seguinte todo mundo volta a funcionar como no dia anterior, sem fazer nada. É melhor produzir através de um grupo de trabalho da comissão, para apontar as raízes do problema e colocar quais soluções podemos apresentar. Se há necessidade de trocar artigos da legislação, ou substituí-la, façamos, se não, é a gente acionar os órgãos responsáveis pelo cumprimento da lei”, declarou.
A audiência abordou ainda a proposta de aplicação pela Anatel de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com as operadoras de telecomunicações, que pode resultar na conversão das multas aplicadas pela agência
Com agências e assessoria do senador Walter Pinheiro
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