Donizeti: “Vamos continuar insistindo para não cairmos na provocação desse promotor irresponsável”Enquanto as redes sociais, agências de notícias e televisões alardeavam a informação de que o Ministério Público de São Paulo (leia-se Cassio Conserino) pedira a prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, senadores petistas se revezavam na tribuna do Senado recomendando serenidade à militância.
A mesma serenidade que os ativistas e parlamentares de oposição não conseguem manter. O senador Donizeti Nogueira (PT-TO) traduziu numa única palavra a espetacularização promovida pelos promotores paulistas: irresponsabilidade.
Na tribuna, nesta quinta-feira (10), ele informou que os dirigentes do PT estão se mobilizando para evitar qualquer possibilidade de confronto nas manifestações chamadas pelos partidários do golpe contra o governo petista, marcadas para este domingo (13). “Mas não é fácil, quando se tem um procurador irresponsável, que vem provocar a militância do Partido dos Trabalhadores pedindo, sem provas, sem nenhuma sustentação jurídica, a prisão preventiva do presidente Lula”, destacou.
Segundo notícias divulgadas no final da tarde, os promotores Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo pediram a prisão preventiva do ex-presidente Lula junto com a denúncia que apresentaram sobre o apartamento em Guarujá (litoral de São Paulo), que teria sido preparado para a família do petista. Eles alegam que a prisão de Lula é necessária para garantir “a ordem pública, a instrução do processo e a aplicação da lei penal”.
“Eu quero reafirmar o que eu já disse aqui hoje aos companheiros e às companheiras do PT e do movimento social: não vamos cair nas provocações desse irresponsável”, reforçou.
Hipocrisia
Se a responsabilidade não é o forte dos promotores liderados por Conserino, a verdade também não está entre as virtudes do candidato derrotado ao Palácio do Planalto em 2014, avalia Donizeti, referindo-se ao tucano Aécio Neves (MG). “O discurso inflamado do candidato derrotado e inconformado constitui-se na maior homenagem que os golpistas poderiam prestar ao Partido dos Trabalhadores e ao seu governo”, disse, reiterando que os derrotados nas urnas mentem à população, tentando restringir ao Brasil uma crise econômica que é mundial.
“Os golpistas hipócritas de hoje também se esqueceram de combater a corrupção. Quem combate a corrupção a sério, pela primeira vez na história do Brasil, é o PT. Quem respeita a verdade, de verdade, das instituições somos nós. O que nós condenamos e sempre condenaremos é o uso partidarizado dessas instituições, como está acontecendo agora; o uso de dois pesos e duas medidas, que instiga a raiva, obsessivamente, de um lado e só acoberta a corrupção do outro, como fazia, aliás, no tempo do tucanato”, destacou.
Momento grave
Em aparte, o líder do partido no Senado, Paulo Rocha (PA), destacou que, apesar do momento difícil por que passa o País, o governo está tentando buscar saídas para enfrentar uma crise que não é só brasileira. “Mas o que está acontecendo no nosso País é que há uma polarização política entre aqueles que estão no poder e aqueles que perderam as eleições recentes, não aceitaram a derrota e buscam, através de factoides, da criminalização política e de leituras autoritárias, (…) colocar em xeque a democracia no nosso País”, disse.
Paulo Rocha pediu às lideranças que tenham responsabilidade para não permitir retrocessos na história política do Brasil. “Nossa geração construiu a democracia enfrentando uma ditadura militar, num processo de mobilização do povo, num processo de organização dos setores da sociedade, quer seja do lado do capital, quer seja do lado dos trabalhadores e do povo”, recordou.
O líder lembrou que atingimos um nível tal de democracia que foi possível eleger um presidente operário e ele foi capaz de fazer um dos melhores governos do Brasil, promovendo distribuição de renda, geração de emprego e oportunidades para todos.
O pedido de prisão, para o senador, é mais uma forma de provocar e chamar a polarização para as ruas. “Forças de direita querem encontrar uma justificativa para ampliar o golpe, para ampliar a possibilidade de uma intervenção mais dura no nosso País. Nós não vamos deixar”, garantiu.
A senadora Regina Sousa (PI) complementou, dizendo que sua impressão é de que o objetivo da oposição parece ser incitar a militância petista para depois responsabilizá-la por qualquer confronto. “Está claro que o alvo dessa operação é o Lula. Esqueceram de todos os outros”, estranhou a senadora. Ela comentou que, embora a operação Lava Jato já tenha seu primeiro réu, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, “domingo ele vai estar fagueiro na rua, falando em favor da moral e dos bons costumes”.
Também em aparte, o senador Jorge Viana (PT-AC) afirmou que “está comprovada uma ação orquestrada, uma verdadeira caçada ao Presidente Lula e à sua família”. O problema maior, segundo ele, é que isso atinge milhões de brasileiros. “Não é possível que um delegado da Polícia Federal vá para a rede social esculhambar com o Governo, com o PT, ameaçar, e depois chefiar operações. Não é possível que um membro do Ministério Público de São Paulo vá para a revista Veja esculhambar com o Lula, com o PT, anunciar o que vai fazer, sem ter nem iniciado a investigação e sem ter nenhum elemento reunido. Isso é uma ação fora da lei, e quem age fora da lei tem que ser penalizado. Por isso, eu espero sinceramente que justiça seja feita. Vamos esperar a decisão da Justiça, para corrigir a injustiça que foi praticada contra o Presidente Lula em São Paulo hoje”, assegurou.
Donizeti Nogueira concluiu pedindo ao Ministério Público que se dê ao respeito. “Se houver alguma agressão, se houver derramamento de sangue, que esse cidadão seja responsabilizado para pagar, como criminoso, o que ele está fazendo hoje. Essas são as minhas palavras de indignação”, disse.
Ele concluiu deixando um recado à militância: “domingo, dia 13, é dia de descansarmos e nos prepararmos para ir para a mobilização que o PT e os movimentos sociais irão convocar. Não caiamos, companheiros e companheiras, na provocação desse irresponsável que está à frente do Ministério Público de São Paulo”.
Giselle Chassot
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