Como anunciado antecipadamente, Jair Bolsonaro permaneceu em silêncio durante depoimento à Polícia Federal (PF) marcado para o início da tarde desta quinta-feira (22/2). O Inelegível foi intimado a falar sobre os planos discutidos em 2022 para um golpe de Estado contra a eleição de Lula (PT) à Presidência da República. A radical mudança de postura do falastrão disseminador de notícias falsas nas redes para um investigado mudo chamou a atenção dos senadores do PT.
Além de Bolsonaro, outros investigados compareceram para prestar depoimento simultaneamente. Entre eles, o ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente Walter Souza Braga Netto; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier.
Os depoimentos são decorrência da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF há duas semanas. De acordo com as investigações, Bolsonaro e aliados se organizaram para tentar um golpe de Estado e mantê-lo no poder, impedindo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O líder do PT no Senado, Beto Faro (PA), lembrou o fato de Bolsonaro ser um contumaz disseminador de notícias falsas e ataques à democracia brasileira. Mas, na hora de responder por seus atos, prefere se calar.
”Não me surpreende o silêncio de Bolsonaro na PF. Ele ainda tem muito a explicar acerca dos crimes cometidos. Enquanto ele e seus aliados se preocupam em atacar a democracia brasileira com falácias e ameaças, na hora da verdade se calam, pois sabem que não têm provas de tudo o que mentem. Enquanto isso, nós continuaremos trabalhando na reconstrução do país, e pensando em toda a população”, destacou Beto Faro.
O senador Humberto Costa (PT-PE) destacou a diferença de postura de Bolsonaro diante da PF em comparação com o falastrão do período da pandemia de Covid-19.
“Para as vítimas da Covid, risadas e ofensas. Para a Polícia Federal, silêncio. Bolsonaro é, acima de tudo, um covarde”, disse o senador.
Bolsonaro chegou à sede da PF em Brasília por volta das 14h20. O depoimento estava previsto para começar às 14h30. Com a decisão de Bolsonaro de se manter em silêncio, o depoimento foi encerrado pouco depois.
A defesa do ex-presidente pediu três vezes ao Supremo Tribunal Federal para adiar a data da oitiva de Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, negou os três pedidos.
Parte da investigação envolve a realização de uma reunião ministerial em 5 de julho de 2022. Nela, Bolsonaro diz a ministros que eles não poderiam esperar o resultado da eleição para agir.