Senadores não podem mostrar voto sobre Demóstenes, decide STF

Advogado do senador goiano diz que pedirá anulação do voto dos senadores que revelarem sua decisão. Sessão da cassação de Demóstenes será na quarta.

Se algum dos senadores que vai definir o futuro político de Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) se manifestar a favor da cassação na sessão marcada para esta quarta-feira (11/07), seu voto poderá ser anulado. Caso o parlamentar insista em revelar como votou, a defesa do senador ameaça recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Uma decisão do próprio Supremo reforçou a ameaça. Na última sexta-feira (06/07), o ministro Celso de Mello, decano da corte, recusou pedido do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), em mandado de segurança, para que a Justiça lhe desse aval para anunciar seu voto. Ferraço disse que vai tentar um novo mandado de segurança nesta segunda-feira (09/07), antevéspera da votação do pedido de cassação do mandato do colega.

 

A defesa de Demóstenes Torres reagiu. “O voto é secreto e, se algum senador quiser fazer proselitismo, anunciando o voto, ele é nulo. Posso ir ao Supremo para tornar o voto inválido”, afirmou o advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro. “Se houver um movimento de tornar o voto aberto, em clara violação à Constituição, acho que é passível a contestação na Justiça.”

 

Ao negar o pedido de Ferraço, Celso de Mello deixou claro que concorda com o princípio da transparência e da publicidade como valores ético-jurídicos. No entanto, o ministro do Supremo disse que não pode desconhecer “o caráter impositivo da cláusula de sigilo” que a Constituição institui para as votações de processos por quebra de decoro.

 

Para que Ferraço pudesse votar abertamente, Celso de Mello diz que é preciso mudar a Constituição. O Senado aprovou em dois turnos proposta de emenda constitucional que torna o voto aberto em processos de quebra de decoro parlamentar. A Câmara teria de adotar um rito sumário e votar num mesmo dia os dois turnos da PEC para que o fim do sigilo pudesse alcançar a decisão sobre o mandato de Demóstenes. As chances de isso ocorrer são nulas.

 

 

Veja a íntegra da decisão

 

Com informações das agências de notícias e do site do STF

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