Os senadores do PT reagiram com perplexidade à informação revelada pela CNN Brasil de que o candidato ao cargo de vice-presidente, general Braga Netto, debateu dentro do Palácio do Planalto a possibilidade de levar adiante um golpe de Estado logo após a derrota de Jair Bolsonaro para o presidente Lula. A ideia era, justamente, reverter o resultado das últimas eleições.
De acordo com a reportagem, uma das possibilidades aventadas, era a aplicação do artigo 142 da Constituição Federal, que poderia ser, na prática, uma intervenção militar; e a possibilidade de decretação do Estado de Defesa no país.
“As investigações sobre esse fracassado golpe de Estado estão somente começando. Ainda há muita coisa a ser desvendada, muitos protagonistas dessa trama sórdida urdida pelo governo Bolsonaro ainda vão aparecer, serão descobertos, denunciados, delatados. E nós não daremos trégua, não descansaremos até que todos os que atentaram contra o Estado democrático de Direito sejam severamente punidos na forma da lei”, enfatizou o senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH).
Braga Netto era um dos aliados mais próximos de Bolsonaro que, assim como o então presidente, passaram a avaliar que a eleição foi fraudada e que era necessário agir. Uma das teses na mesa era buscar até mesmo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que liderasse esse processo. Também se chegou a defender a convocação de forças de segurança para tentar ter acesso ao código-fonte das urnas eletrônicas.
“É criminosa qualquer tentativa de reverter o justo resultado eleitoral. Não há espaço para golpismos em cima da decisão soberana do povo. Queremos investigações profundas de todas as ações que atentem contra a nossa democracia. E exigiremos as devidas punições legais”, disse o senador Paulo Rocha (PT-PA).
Ainda de acordo com a CNN, militares que integraram o Comitê de Transparência Eleitoral e que apontaram supostas falhas no sistema eleitoral também passaram a ser cogitados para uma convocatória para auxiliar na contestação eleitoral.
A articulação chegou, segundo fontes militares, às cúpulas das Forças Armadas, que promoveram reuniões para debater essas alternativas, em especial o Exército.
A maioria dos generais, porém, refutou qualquer sugestão e entendeu que o vencedor das eleições, Luiz Inacio Lula da Silva, deveria assumir o cargo sem quaisquer sobressaltos. Integrantes da Marinha e da Aeronáutica também rejeitaram qualquer questionamento em relação à vitória de Lula.
Na última quinta-feira (19), uma minuta de um decreto presidencial estabelecendo o Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi encontrada na residência de Anderson Torres, ministro da Justiça de Bolsonaro.
O corregedor-geral do TSE, ministro Benedito Gonçalves, determinou a inclusão da minuta no processo que investiga a conduta de Bolsonaro ao atacar as urnas eletrônicas durante reunião que o então presidente convocou com embaixadores em julho do ano passado, às vésperas da eleição.