“Quando não se julga o processo de terrorismo do Estado, e no Brasil não foi julgado, as sequelas da ditadura permanecem, como permaneceram as sequelas de mais de 300 anos de escravidão, que sempre teve a violência como o método principal de controle social. Com isso emerge a extrema direita. Era inimaginável que ela ganhasse um processo eleitoral. A interdição do Lula viabiliza essa vitória”.
A declaração da presidenta legítima Dilma Rousseff foi feita no 1º Encontro Mundial do Pensamento Crítico na Argentina, realizado entre esta segunda (19) e sexta-feira (23).
Para Dilma, a ascensão dos governos de extrema direita na América do Sul tem como meta realinhar a política externa dos países aos interesses dos Estado Unidos. “Quem venceu as últimas eleições está de costas para a América Latina. Nos nossos governos, os países da América Latina eram fundamentais. A solidariedade entre esses países era fundamental”, apontou Dilma.
Ainda segundo a presidenta, o golpe parlamentar de 2016 foi a primeira etapa da destruição da democracia brasileira ao colocar Michel Temer (MDB) na Presidência. Com ele, um Estado de exceção teve início com a retirada de direitos dos trabalhadores e a prisão sem provas de Lula. A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) representa, segundo Dilma, o aprofundamento da “crise democrática”.
“O Brasil entrou em uma rota trágica porque nós corremos hoje o risco de sair de vez da democracia, e mesmo do Estado de exceção em que estamos para um estado neoliberal e neofascista”, destacou Dilma.
Dilma participou do painel de Democracia, Cidadania e Estado de Exceção promovido, pelo Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), e falou sobre as etapas do golpismo e a escalada do fascismo no Brasil. O evento ainda contará com a participação do candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, do prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, do ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica, da ex-presidenta da Argentina Cristina Kirchner e do coordenador do MTST, Guilherme Boulos.