De acordo com levantamento realizado pela Mark Sistemas de Pesquisas, solicitado pela Fundação Perseu Abramo, braço acadêmico do Partido dos Trabalhadores (PT), somente 7,8% dos brasileiros acreditam que os meios de comunicação defendem os interesses da população.
Segundo a pesquisa, 34,9% dos entrevistados acham que a mídia defende seus próprios donos, 31,5% acreditam que os meios de comunicação estão do lado de quem tem mais dinheiro e outros 20,6% disseram que os grandes veículos defendem os políticos.
Foram entrevistadas 2.400 pessoas em 120 municípios de pequeno, médio e grande porte. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
De acordo com a sondagem, apenas 21,9% dos entrevistados concordam que a mídia noticia os fatos de maneira totalmente imparcial, 27,9% pensam que os meios de comunicação só defendem os interesses da elite e somente 18,6% acha que os jornalistas têm liberdade total para decidir o que é publicado. Para 45% dos entrevistados a liberdade dos jornalistas é parcial.
Desconhecimento das concessões públicas
O levantamento mostra ainda que a maioria absoluta da população, 60%, desconhece o fato de que as TVs são fruto de concessão pública e 49,5% acreditam que a programação é definida em parceria entre empresários e Governo.
Ao serem informados que a maior parte dos meios de comunicação pertence a apenas 10 famílias, 39,8% consideram que isso é ruim para o País e 22,7% acham bom. De acordo com a pesquisa da Fundação, 71% dos brasileiros defendem a criação de mais regras para regular a programação das TVs.
Ao ser aventada a hipótese de existir mais regras para a programação e publicidade na TV, a maioria dos entrevistados (46%) disse preferir o controle social de um órgão ou conselho que represente a sociedade, do que a autorregulamentação (31%), como ocorre hoje, e quase 1/5 declarou ser favorável a um controle governamental (19%).
“Mesmo não tendo compreensão de que se trata de uma concessão pública, a população defende regras”, comentou o jornalista Altamiro Borges, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Impressionado com os dados da pesquisa, ele sugeriu que se defenda legislação informando à população que “TV é concessão pública”.
Especificamente sobre a publicidade de bebidas alcoólicas, 88% apoiam mudanças na legislação, seja seu banimento da TV (44%), seja sua restrição a horários noturnos e na madrugada (44%).
Crescimento na utilização da internet
Ainda de acordo com o levantamento, a internet, hoje, é tão acessível quanto os jornais impressos. As duas plataformas estão presentes na vida de 43% dos entrevistados. Apesar de empatar com os jornais, em meio habitual de informação, na soma de portais, blogs e indicação de amigos nas redes sociais virtuais, a internet ultrapassa o meio impresso.
A TV aberta continua na liderança com 94% de presença na vida dos brasileiros e o rádio em segundo lugar com 79%. A TV por assinatura é citada por 37% dos entrevistados e as revistas por 24%. A pesquisa mostra que 29,8% das pessoas buscam os jornais para se informar sobre assuntos locais e 22,6% para ler notícias nacionais e internacionais.
A situação se inverte quando a plataforma é a internet, usada por 25,9% dos brasileiros para saber de temas nacionais e internacionais e por 22,5% para notícias locais.
Conheça outros dados apontados pelo levantamento:
– 82% assistem diariamente a TV aberta, mas quase a metade (43%) disse não se reconhecer na programação difundida pelo veículo e 25% se veem retratados negativamente, contra 32% positivamente.
– 47 % dos entrevistados consideram que a TV retrata as mulheres às vezes ou quase sempre (17%) com desrespeito, assim como desrespeita os nordestinos às vezes (44%) ou quase sempre (19%), e ainda a população negra (49% e 17%, respectivamente) – sendo esta retratada menos do que deveria (52%).
– 56,7% acreditam que a televisão dá tratamento menor do que deveria para os problemas do Brasil. Sobre a diversidade, 54% acham que a TV não mostra muito a variedade do povo e 22% observam uma invisibilidade.
– Sobre a realidade nos conteúdos veiculados pela TV: 51% acham que é mostrada apenas parte e 23% opinaram que não é mostrada.
– Em termos de cobertura noticiosa, apenas pouco mais de 1/3 avalia que “as notícias que aparecem na TV, nas rádios e nos jornais” cobrem a maior parte dos acontecimentos importantes (36%). Para a maioria, o noticiário cobre cerca da metade (43%) ou apenas uma pequena parte (21%) do que seria importante.
– Apenas cerca de 1/5 considera que o direito de resposta é quase sempre respeitado (22%) atualmente no Brasil. Para metade às vezes é, outras não (49%) e para 27% quase nunca é respeitado.
– A maioria se diz favorável a que TV não veicule palavrões (66%), não exponha gratuitamente o corpo da mulher (61%), não exponha cadáveres (60%), cenas de crueldade com animais (58%), cenas de nudez e sexo
(53%), cenas de violência e morte (52%) e de uso de drogas (51%).
Com informações de agências de notícias
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