A equipe do Brasil que disputou o WorldSkills 2013, o campeonato mundial de estudantes do ensino técnico, conquistou quatro medalhas de ouro, cinco de prata e três de bronze, das 37 categorias em que teve participação. Desde a última terça-feira (2), um grupo de 41 representantes do Senai e do Senac competiu, representado o Brasil, entre 1000 profissionais de 55 países para ver quem tem maior excelência para exercer atividades como design gráfico, eletricidade industrial, marcenaria, mecatrônica e cabeleireiro.
O número de medalhas é superior ao da última edição realizada em Londres em 2011, quando o País ganhou 11 medalhas. Apesar disso, na classificação geral, o time brasileiro caiu da segunda colocação para a sexta. Além das medalhas, o País ainda conseguiu 15 certificados de excelência.
O Brasil foi o único País latino-americano a conquistar medalha; ficando à frente dos demais países que formam o Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul) e foi o segundo país ocidental a ser premiado – atrás da Suíça, segunda colocada em todo o torneio. Coreia do Sul ficou em primeiro lugar; Taiwan, em terceiro; e Japão, em quarto.
O presidente do Senai, Rafael Lucchesi, avalia a participação brasileira como vitoriosa e explica que a queda no ranking geral se deve a uma estratégia do Brasil para disputar o primeiro lugar em 2015, quando a olimpíada do ensino profissional será realizada
“Fizemos um sacrifício calculado. Estamos participando em algumas dessas ocupações pela primeira vez. Como diria o Romário, não dá para competir pela primeira vez e sentar na janela. Existe uma curva de aprendizado”. Além das medalhas, o Brasil ganhou 15 certificados de excelência, cinco a mais do que em 2011. O ranking de países leva em conta a pontuação por medalhas e certificados divididos pelo total de modalidades que o país participou.
A participação brasileira foi vitoriosa e a |
Além disso, Lucchesi afirmou, após a cerimônia de encerramento, realizada no último domingo (07), em que os competidores e suas torcidas vestiram as cores de seus países e entoaram gritos de guerra, que o objetivo principal da participação dos alunos no WorldSkills é difundir a educação profissional no Brasil.
“No Fórum Econômico Mundial, o Brasil fica em 132º lugar em educação, de 144 países. No Pisa (avaliação internacional de alunos em português, matemática e ciências) são 65 países e o Brasil é o 54º. Ficar entre os melhores é fantástico”, complementa.
Todos campeões
Independente da medalha, todos os 41 competidores brasileiros (algumas categorias são em equipes) vão receber do Senai uma bolsa para prosseguirem estudando no Brasil ou no exterior. “O resultado não é o mais importante, mas a forma como se prepararam”, disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, antes da divulgação dos resultados.
Para chegar até Leipzig, local onde se realizou o evento deste ano, eles passaram por um longo processo de seleção e depois de treinamento, que exigiu que os jovens de até 21 anos deixassem outras atividades para se dedicar só a isso.
É o caso do medalhista de ouro de Caxias do Sul (RS), Maurício Toigo, de 19 anos, que formou dupla com Henrique Baron, de 20 anos. Maurício estudava engenharia de controle de automação na Universidade de Caxias do Sul (UCS) e teve que trancar a faculdade para se dedicar aos treinamentos. “Meu objetivo era o ouro no mundial. Nenhum curso dá o aprendizado técnico que eu tive com essa preparação. Além disso, tem todo companheirismo de trabalhar em equipe”, disse ainda antes de saber da medalha. Depois do resultado, veio a sensação de dever cumprido. “A gente sabia que estava bem, mas a prova foi muito disputada. Agora dá para ficar com a felicidade e tranquilidade”, afirmou Henrique.
Passado o WorldSkills, a maioria deles já tem novos planos. Alguns mais audaciosos, de viajar e estudar fora do Brasil, e outros de começar ou terminar uma faculdade no País. Renata Santos, de 17 anos, a mais nova da equipe, ganhou medalha de prata na prova de joalheria. No Senai
Grande parte deles já é ou acabará sendo contratado pelo próprio Senai, para ser instrutor de outros alunos. Richard Silva, 18 anos, de São Paulo, ouro em polimecânica, quer fazer curso de inglês, faculdade e, quem sabe, estudar fora. Mas na volta, espera seguir no Senai.
Técnica e emoção
Na competição, eles enfrentam dificuldades de nível técnico e emocionais. Embora a preparação para as provas seja intensa, quando começa a competição muitos enfrentam situações como ter que trabalhar com materiais e equipamentos desconhecidos. O mineiro Carlos Guilherme Pascoal, 20 anos, que disputou na ocupação pintura automotiva, contou que o primeiro dia foi muito bagunçado para ele. Ficou perdido porque nunca havia utilizado os produtos da prova e não entendia os rótulos em inglês.
Para minimizar o impacto emocional das adversidades, a equipe conta com, além de especialistas técnicos, líderes de time, que são responsáveis por questões administrativas, como uniformes, passagens, e de motivação. Marcelo Mendonça, 53 anos, já foi a três edições do WorldSkills, uma do American Skills (torneio das Américas) e se considera um paizão para os competidores. Ele cobra disciplina, mas também conversa. Para Marcelo, o que faz mais diferença, é o emocional. “Depois do primeiro dia, identifiquei só pelo olhar uns quatro que estavam abalados. Chamei eles para uma conversa individual. Dois queriam jogar a toalha, mas fiz eles continuarem”, afirmou.
Nágella Araújo, de 21 anos, de Minas Gerais, que competiu em vitrinismo, diz que no segundo dia ficou muito nervosa, porque o material era diferente do que estava acostumada. Mas ela conseguiu se sair melhor nas demais provas e acabou ganhando a medalha de bronze numa categoria em que o Brasil nunca havia competido. “Nem esperava, mas foi muito bom”, diz.
Evento será realizado no Brasil em 2015
O próximo WorldSkills será no Pavilhão do Anhembi,
Entre as diferenças que poderão ser percebidas estão questões de infraestrutura, como o tamanho do local disponível no Brasil. O Anhembi tem 76 mil metros quadrados, e o centro de eventos em Leipzig, 300 mil metros quadrados. Além disso, na Alemanha todas as delegações tinham passe livre no transporte público. “Vamos fazer outro tipo de layout e usar a criatividade para resolver essas questões”, disse Lucchesi.
Para a realização do evento, o Senai prevê um orçamento de R$ 150 milhões, dos quais metade espera que venham de patrocinadores e parceiros. A edição deve contar com mais competidores da América Latina, cujo único país a ganhar medalha em 2013 foi o Brasil. O Senai também vai fazer uma campanha para atrair mais nações que falem português.
Confira a lista de brasileiros que conseguiram medalhas no evento em Leipzig:
Ouro
Polimecânica
Competidor: Richard Souza da Silva
Estado: São Paulo
Idade: 18 anos
Mecatrônica
Equipe: Henrique Baron, 20 anos, e Maurício Zangali Toigo, 20 anos
Estado: Rio Grande do Sul
Fresagem CNC
Competidor: Henrique da Silva Santana
Estado: São Paulo
Idade: 20 anos
Design Gráfico
Competidor: Ricardo Calvi Vivian
Estado: Rio Grande do Sul
Idade: 20 anos
Prata
CAD
Competidor: Paulo Kazuo Inoue
Estado: São Paulo
Idade: 20 anos
TI – Soluções de Software
Competidor: Leonardo Felix Gajardo
Estado: São Paulo
Idade: 18 anos
Soldagem
Competidor: Rafael Wenderson Morais Pereira
Estado: Rio Grande do Norte
Idade: 20 anos
Joalheria
Competidora: Renata da Silva Santos
Estado: São Paulo
Idade: 17 anos
Caldeiraria
Competidor: Kleber da Silva Santos
Estado: São Paulo
Idade: 20 anos
Bronze
Mecânica de Refrigeração
Competidor: Felipe Barbosa Benicio
Estado: São Paulo
Idade: 22 anos
Vitrinismo
Competidora: Nagella Araújo
Estado: Minas Gerais
Idade: 21 anos
Eletricidade Industrial
Competidor: Caique Ferreira de Faria
Estado: Minas Gerais
Idade: 19 anos
Com agências onlines