CPI adia depoimentos e quer acesso a informações obtidas pelo Coaf

Senadores vão se reunir com Ministro da Justiça ainda nesta quinta-feiraA Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga supostas irregularidades cometidas por brasileiros com depósitos em agência do banco HSBC na Suíça decidiu adiar os depoimentos previstos para esta quinta-feira (16). Segundo o relator, senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), seria inútil, neste momento perguntar a Henry Hoyer, tido como substituto do doleiro Alberto Youssef, se ele tem contas em Genebra. Em vez das audiências, os senadores se dedicaram a votar relatórios.

A ideia é ter acesso a dados obtidos pela Receita Federal e pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Assim, não é necessário deliberar ou pedir a quebra de sigilo fiscal de brasileiros que, segundo as informações obtidas, poderiam estar envolvidos em crimes como evasão de divisas, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.  O objetivo é identificar quais brasileiros declararam ou não suas contas na Suíça à Receita Federal e ao Banco Central e convocar somente os que estiverem em situação irregular.

A comissão aguarda, ainda neste mês de abril, a chegada do acervo de dados completo do HSBC da Suíça, prometido pelo governo da França. Também foi aprovada a elaboração e o envio à CPI de 50 relatórios de inteligência fiscal (RIF), sob responsabilidade do Coaf, também envolvendo nomes investigados.

Daqui a pouco, ao meio dia e meia, a direção da CPI reúne-se com o ministro da Justiça, Luis Eduardo Cardozo para acertar detalhes do compartilhamento de dados já disponíveis e o apoio para novas investigações.

Na próxima quarta-feira (22), os senadores voltam a se reunir em sessões reservadas para ouvir a direção do Coaf sobre os métodos e instrumentos com que o Conselho trabalha para apurar as suspeitas. À tarde, em novo encontro fechado, deve ser ouvido o diretor-presidente do HSBC no Brasil.

CPI do HSBC
A CPI investiga os desdobramentos no Brasil do escândalo que ficou mundialmente conhecido como Swiss Leaks, em que a divulgação de dados sigilosos furtados por um ex-funcionário do HSBC evidencia depósitos de mais de US$ 100 bilhões mantidos na agência privada do banco na Suíça por cerca de 106 mil clientes de 203 países nos anos de 2006 e 2007.

Há indícios de que 8.667 correntistas brasileiros depositaram cerca de R$ 21 bilhões nas 6.606 contas (muitas delas conjuntas). O Brasil é o 9º país com o maior valor depositado e o 4º em número de clientes.

Desde o dia 8 de fevereiro, o ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), composto por 185 jornalistas de mais de 65 países, publica reportagens com base nas planilhas vazadas em 2008 pelo ex-técnico de informática do HSBC Hervé Falciani. No Brasil, a apuração é feita com exclusividade pelo UOL e pelo jornal “O Globo”.

Giselle Chassot

 

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