Dilma: se praticam golpe contra mim, o que irão fazer com os trabalhadores?

Dilma: se praticam golpe contra mim, o que irão fazer com os trabalhadores?

Durante discurso no dia do trabalhador, Dilma anunciou reajustes no Bolsa Família e na tabela do Imposto de RendaA presidenta Dilma afirmou, no domingo (1º), que os golpistas rasgam a Constituição do País e que o golpe não atenta só contra a democracia, mas também contra os direitos do trabalhador. “Se praticam contra mim, o que irão praticar contra os trabalhadores? Esse golpe não é só contra a democracia e meu mandato. Ele também é contra as conquistas dos trabalhadores”, disse a presidenta, em discurso no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, durante as comemorações do Dia do Trabalhador.

Ela ainda ressaltou que vai resistir ao golpe e que lutou a vida inteira. “É verdade que eu fiquei presa durante três anos, é verdade que eu lutei e resisti à ditadura”, afirmou ela. “A luta agora é muito mais ampla, é uma luta que nós vamos levar em favor de todas as conquistas democráticas da luta contra a ditadura e de todos os ganhos que nós tivemos nos últimos anos com o governo do Lula e do meu, é sobre isso que se trata defender um projeto”.

A presidenta explicou que esse não é um golpe militar, feito a partir do uso da força. “Não é um golpe militar como nós conhecemos no passado. É um golpe especial”, discursou. “Como eles perderam essas eleições, eles se alinharam com traidores para sob a cobertura do impeachment fazerem uma eleição indireta”, ressaltou.

A presidenta lembrou que não possui conta no exterior, nunca recebeu propina ou foi acusada de corrupção e que, por isso, golpistas querem inventar um crime que nunca existiu.

Para Dilma, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi o principal agente na história para desestabilizar ao seu governo. Dilma recordou que, no ano passado, o Congresso comandado por Cunha trabalhou contra o Brasil ao não aceitar propostas essenciais para a estabilização econômica do país com o único intuito de prejudicar o seu governo. “Eles são responsáveis pelo fato da economia brasileira estar passando por grave crise e pelo aumento do desemprego”, disse ela.

“[Cunha e seus aliados] apostaram sempre contra o povo brasileiro. Ele queria que o governo convencesse seus deputados a votar contra sua cassação. Daí vem o impeachment. É mais do que uma chantagem. É desvio de poder”, reafirmou.

Perdas de direitos

A presidenta elencou todos os retrocessos previstos em um eventual governo de Michel Temer (PMDB), caso o golpe se concretize. “A CLT vai virar letra morta”, lembrou ela. Além disso, a presidenta lembrou que Temer pretende cortar recursos do Bolsa Família e que os maiores prejudicados serão as crianças. “Querem deixar só para os 5% mais pobres. E esses 5% mais pobres são 10 milhões de pessoas. Hoje, 47 milhões recebem o benefício. Serão 36 milhões entregues à livre força do mercado para se virar”, explicou.

Outro retrocesso pretendido por Temer é a privatização de empresas estatais. E Dilma lembrou que o pré-sal será o primeiro alvo dessa política. Dilma também lembrou que Temer é contrário à política de valorização do salário mínimo permitida a partir do governo do ex-presidente Lula. “Querem acabar também com o reajuste dos aposentados”, ressaltou.

“Além disso, há algo extremamente grave porque nós somos um País que ainda tem muito o que fazer, apesar de todas as conquistas, na área de educação e da saúde, eles querem acabar com a obrigatoriedade do gasto com saúde e educação”, advertiu Dilma.

A presidenta ainda frisou que o governo do golpe pode mexer em conquistas sociais e programas como o Pronatec e o Minha Casa, Minha Vida. “E aí sempre que vocês virem uma palavra que às vezes é ‘vamos focar’, ‘vamos revistar’, ‘vamos reolhar’ certas políticas sociais, significa ‘vamos acabar com elas’. Eles estão falando do Pronatec, do Minha Casa, Minha Vida, e temos uma situação em que os programas sociais são olhados como responsáveis pelo desequilíbrio do País”, afirmou a presidenta.

Reajuste do Bolsa Família e do IR

Durante o evento, Dilma ainda anunciou um pacote de reajuste de programa sociais e direitos trabalhistas. Entre as principais novidades, estão o reajuste no valor do Bolsa Família e a correção de 5% na tabela do Imposto de Renda.

“Eles gostam de falar que o governo acabou, fazem isso numa tentativa de nos paralisar. […] Mas, enquanto isso, nós estamos autorizando um reajuste no Bolsa Família, que vai resultar em um aumento médio de 9% para as famílias”, explicou a presidenta.

A presidenta lembrou que o índice de reajuste não foi inventado em cima da hora e faz parte da proposta de orçamento para 2016, enviado ao Congresso em agosto, e aprovado em seguida.

“Esta proposta foi aprovada pelo Congresso e diante do quadro atual tomamos medidas que garantem o aumento na receita deste ano e dos próximos para viabilizar este aumento. Tudo isso sem comprometer o quadro fiscal”, garantiu.

Em seguida, Dilma divulgou medida que altera a tabela do Imposto de Renda. “Estamos propondo uma correção no Imposto de Renda, uma correção de 5%”, disse.

Entre as outras anunciadas estão a contratação de “um mínimo” de 25 mil moradias do Minha Casa Minha Vida Entidades, e o aumento do tempo de licença-paternidade para os funcionários públicos. Com isso, os homens terão 20 dias, em vez de cinco, para ficar com os filhos recém-nascidos.

“Estamos propondo a ampliação da licença-paternidade para os funcionários públicos, em vez de cinco, [vão] gozar de 20 dias. Estamos incentivando os homens funcionários públicos desse País a ajudar as mulheres”, explicou.

A presidenta também ainda falou que o governo federal vai lançar, nos próximos dias, o Plano Safra da Agriculta Familiar. E lembrou o anúncio, feito no Palácio do Planalto, de prorrogação da presença de profissionais estrangeiros do Mais Médicos no País.

Veja manifestações no Dia do Trabalhador no Brasil e no exterior.

Com informações do Blog do Planalto e da Agência PT de Notícias

 

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