Golpistas prometeram estabilidade política, mas delação pode derrubar governo

Golpistas prometeram estabilidade política, mas delação pode derrubar governo

Foto: Alessandro Dantas

Lindbergh destacou que delação da Odebrecht pode derrubar o governo Temer e que, segundo a imprensa, já há discussão aberta sobre possível sucessor – eleito de forma indiretaOs governistas de agora prometeram que, com o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, eles resolveriam as crises econômica e política. Mas, passados cinco meses e meio, os problemas na economia persistem e delações da Odebrecht ameaçam derrubar o governo Temer. 

“Não houve estabilidade econômica, não vai haver estabilidade política”, afirmou o líder da Minoria no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), nesta quarta-feira (26), em discurso ao plenário. 

O petista destacou que houve recuperação da confiança, como a da indústria. No entanto, este mesmo setor teve um tombo de 3,8% no mês de setembro. Ou seja: só o que existe é a “fábula da confiança”. 

“O problema não era de confiança. O que há é um problema real na economia brasileira. Nós estamos tendo uma desaceleração gigantesca e, a demanda, fraquíssima”, disse. 

Lindbergh lembrou ainda que, desde que assumiu o governo, a gestão Temer não tomou nenhuma medida para a retomada do crescimento econômico. 

Além da falácia do reaquecimento da economia, Temer ainda sofre com o fantasma das delações premiadas. 

Nesta quarta, a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, afirmou que a “possibilidade de o governo não conseguir atravessar a turbulência da delação premiada da empreiteira Odebrecht passou a ser considerada e discutida entre lideranças de partidos diversos como o PSDB e o PT”. A colunista disse ainda que há até nomes sendo aventados para uma eventual eleição indireta, em 2017, como do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim. 

Gastos do governo
Não bastasse estar atolado até o pescoço em problemas, o governo federal ainda tenta empurrar uma proposta que promove um verdadeiro desmonte do Estado de bem-estar social: a PEC 241. O texto limita os gastos públicos à inflação pelos próximos 20 anos. 

Para o senador Lindbergh, o caminho para a retomada do crescimento tem que ser outro. “Em um momento de recessão como esse, em que as famílias não gastam, as empresas também estão com problemas, se não é o governo que assume o papel de aumentar o gasto público em investimentos na área da educação, da saúde e do gasto social, não tem como recuperar a economia”. 

Ele reforçou essa tese com uma matéria do jornal norte-americano Wall Street Journal com o secretário do Tesouro Americano, Jacob Lew. Segundo ele, os formuladores de política não estão mais debatendo crescimento versus austeridade, mas como empregar melhor a política fiscal para apoiar a economia. “[Lew] defende, nessa entrevista, a volta dos gastos públicos no mundo inteiro para reaquecer a economia”, disse Lindbergh. 

A PEC 241 já vem sendo debatida no Senado, tendo sido tema de duas audiências realizadas na Comissão de Assuntos Econômicos da Casa (CAE), presidida pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Na próxima segunda-feira (31), a proposta será debatida em audiência conjunta das comissões de Direitos Humanos (CDH) e de Educação (CE) do Senado. 

PSDB contra impostos aos ricos

No discurso, Lindbergh defendeu ainda uma alternativa à PEC 241: a progressividade tributária, que foi tema de audiência nessa terça-feira (25) na CAE. A proposta é simples: quem ganha mais, paga mais imposto. 

Incomodado com a proposta dos ricos desembolsarem mais dinheiro, o senador tucano Ataídes Oliveira (PSDB-TO) ainda tentou jogar a culpa nas costas do PT. O golpista afirmou que as gestões petistas tiveram 14 anos para aprovar propostas nesse sentido, sendo prontamente rebatido por Lindbergh. 

“Nós aprovamos uma medida provisória da Dilma de juros sobre capital próprio, que vocês do PSDB não deixaram. Você sabia que nós aumentamos – a Presidenta Dilma – a Contribuição Social sobre Lucro Líquido dos banqueiros, e vocês votaram contra? Porque essa é a cara de vocês, do PSDB”, devolveu o senador petista. 

Ainda segundo Lindbergh, a união entre Temer com o PSDB é uma aliança contra o povo trabalhador.

 

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