Gleisi denuncia contradição do governo interino: discurso era de ajuste nas finanças públicas, mas fez tudo ao contrário. Foto: Pedro França/Agência SenadoA senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), nesta sexta-feira (1º), desmontou mais um discurso furado da gestão provisória: o de que haveria uma grande contenção de gastos públicos. Em aparte ao discurso da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Gleisi destacou o aumento do déficit do Orçamento para R$ 170,5 bilhões, começou a aumentar as despesas públicas e a pagar a conta do impeachment.
“Sempre dissemos que o problema das finanças públicas não estava necessariamente em ter superávit ou déficit. Estava em termos uma visão clara sobre o que queremos para o desenvolvimento do País; e nós não podemos fazer um ajuste profundo em um momento de recessão”, destacou a senadora petista.
Ela lembrou que os parlamentares progressistas combateram o discurso de ajuste forte nas contas públicas defendidos, até pouco tempo, pelo governo provisório. “Só que o problema que vai acontecer agora depois de se pagarem todas as contas do impeachment, com os Estados, com os Municípios, com o parlamento, de fazer a gastança que estão fazendo, é que vão fazer medidas estruturantes em cima de direitos adquiridos há muito tempo pelo povo brasileiro”.
Entre as propostas está a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita os gastos públicos pela variação da inflação. Segundo Gleisi, esse texto é uma “aberração” por mexer na Constituição Federal de 1988. Por exemplo, não garantir mais ter os percentuais obrigatórios de 18% e 15% da receita corrente líquida sendo direcionados, respectivamente à educação e à saúde.
“E que nós vamos reduzir as verbas, por exemplo, da Previdência e da assistência social para pagar conta de juros, que está aumentando agora porque o Governo não está conseguindo fazer as medidas de ajustes mais de curto prazo?”, questionou.
Gleisi ainda concordou com o argumento da senadora Vanessa de que o que está sustentando o processo de impeachment de Dilma é uma mudança no programa de governo. E até mesmo os setores da sociedade interessados nessa virada de discurso já começam a ver essa contradição.
“É impossível servir a dois deuses. Não dá para querer servir ao mercado e também querer fazer proselitismo com a política ou com a sociedade brasileira, aumentando algumas despesas pontualmente”, disse Gleisi.
“Temos que ficar muito alertas a isso, principalmente para defender os interesses do povo brasileiro, os interesses dos trabalhadores, que foram conquistados não só no governo do presidente Lula e da presidenta Dilma”, destacou.
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