A história recente do Brasil é pródiga em exemplos nefastos produzidos pela má fé policial e a ignorância da imprensa. O caso da Escola Base, de São Paulo, é o mais famoso; o caso da moto Harley Davidson pertencente ao ex-ministro da Previdência Social e da Aviação Civil, Carlos Gabas, é o mais recente.
Praticamente todos os jornais e revistas do oligopólio de mídia embarcaram na mentira de que a motocicleta do ex-ministro havia sido confiscada pela Polícia Federal, na operação da semana passada, “Custo Brasil”, na qual Gabas foi alvo de um “mandado de condução”. Essa ordem judicial dá ao intimado o direito do silêncio e a ele é dada a escolha para depor ou não.
Assim como no caso da invasão espetacular do apartamento funcional da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o alvo era outro: a presidenta afastada Dilma Rousseff. A intenção policial-midiática, entretanto, foi a mesma: abater o ânimo dos que, hoje, são sustentação à presidenta afastada, colocando em exposição maciça a motocicleta na qual ela passeou por Brasília anonimamente, na garupa do veículo. Na tacanha lógica empregada: era preciso falar da moto para afetar, de alguma forma, a presidenta.
A ação que se sustentou na mentira dos policiais e na ignorância e preguiça da imprensa, gerou uma colossal “barrigada”, palavra que, no jargão do jornalismo, significa a publicação de mentiras. Carlos Gabas não foi conduzido coercitivamente, como divulgaram alguns jornais, nem sua moto foi apreendida, como todos veicularam, sempre citando as caronas de Dilma na garupa.
O ex-ministro divulgou uma nota na esperança de que a grande mídia corrija a mentira divulgada. Sua correção, entretanto, não está garantida: é comum a omissão da mídia, quando se trata de desmentir denúncias ou ilações que incriminam o PT ou quem quer que o represente.
Leia abaixo a nota do ex-ministro Carlos Gabas:
São falsas as afirmações veiculadas na imprensa, especialmente na edição da revista Veja deste domingo 26/06, de que foram encontrados vários itens de valor na busca realizada em minha residência no dia 23/06, especialmente um “relógio Rolex” que valeria mais de 100 mil reais (é uma réplica). Também é falsa a afirmação que a minha moto e a da minha esposa foram levadas da minha residência, e tampouco fui conduzido coercitivamente para prestar depoimento. Já tomei todas as providências legais para que os esclarecimentos sejam prestados aos responsáveis pela operação, em data, local e horário a ser definido juntamente com a minha advogada.
Todos os meus bens estão devidamente declarados no Imposto de Renda e são compatíveis com o meu rendimento familiar, ao longo de mais de 30 anos de serviços prestados à Previdência Social. Por isso, estou certo que todas as suposições do delator, que deram origem a esse processo, serão devidamente esclarecidas.
Todos os atos de corrupção e todos os malfeitos devem ser investigados e os responsáveis devidamente punidos. Não podemos, no entanto, aceitar que, durante o processo de investigação, os fatos sejam divulgados de forma maldosa e difamatória, como vem ocorrendo.
Agradeço imensamente o apoio, o carinho e a solidariedade que tenho recebido de amigos e até de pessoas com quem não tenho relações próximas. Essa solidariedade ajuda muito a superar toda essa injustiça, que ao final será esclarecida. Ficamos feridos com o ocorrido, mas não mortos. Seguimos a caminhada com a cabeça erguida, de pé e com fé!!!
Gabas
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