Segundo pesquisa, taxa de empreendedorismo no País saltou de 23% para 34,5%Três em cada dez brasileiros adultos entre 18 e 64 anos possuem uma empresa ou estão envolvidos com a criação de um negócio próprio. Em dez anos, essa taxa de empreendedorismo saltou de 23% para 34,5%. Deste total, metade corresponde a empreendedores novos – com menos de três anos e meio de atividade – e a outra metade aos donos de negócios estabelecidos há mais tempo. Os dados são da nova pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada no Brasil pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP).
“Quando comparado a países que compõem o Brics, o Brasil é a nação com a maior taxa de empreendedorismo, ficando quase oito pontos percentuais à frente da China, com uma taxa de 26,7%”, ressalta Luiz Barreto, presidente do Sebrae.
A Índia tem uma taxa de empreendedorismo de 10,2%, a África do Sul de 9,6% e a Rússia de 8,6%. O número de brasileiros que já têm uma empresa, ou que estão envolvidas na criação de uma, é superior, também, a países como Estados Unidos (20%), Reino Unido (17%), Japão (10,5%), Itália (8,6%) e França (8,1%).
De acordo com Barreto, essa alta taxa de empreendedorismo demonstra que além de mais empreendedores permanecerem no mundo dos negócios, mais pessoas veem no empreendedorismo uma oportunidade de vida e vêm trabalhando para conquistar o sonho de ter o negócio próprio.
Mais oportunidades
A pesquisa revela ainda que a cada 100 brasileiros que começam um negócio próprio no Brasil, 71 são motivados por uma oportunidade de negócios e não pela necessidade. O presidente do Sebrae explica que esse índice vem se mantendo estável nos últimos anos e que ele implica diretamente na qualidade do empreendedorismo brasileiro.
“O empresário atual abre uma empresa porque vê uma oportunidade e investe naquela ideia. Ter uma empresa porque não se tem uma ocupação não é mais o principal fator”, diz Barreto.
Próprio chefe
Outro dado revelado pelo GEM dá conta de que ter o seu próprio negócio continua sendo o terceiro maior sonho do brasileiro, mas pela primeira vez o número de pessoas que almejam se tornar o seu próprio chefe é praticamente o dobro das que desejam fazer carreira numa empresa. Enquanto 31% dos brasileiros querem montar um negócio, 16% querem crescer dentro de uma empresa. Os primeiros sonhos dos brasileiros são comprar a casa própria (42%) e viajar pelo Brasil (32%).
Negros são maioria entre empreendedores
Os negros já são a maioria entre os empreendedores brasileiros. Entre os anos de 2002 e 2012, o número de pessoas negras a frente de empresas no Brasil cresceu 27%. Nesse mesmo período, o número de pessoas brancas que possuem uma empresa teve uma redução de 2%. De acordo com levantamento feito pelo Sebrae, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 50% dos donos de negócio são afrodescendentes, 49% são brancos e 1% pertencem a outros grupos populacionais.
O crescimento da população negra no Brasil e a ampliação do mercado de consumo interno têm sido fatores decisivos para o aumento do empreendedorismo nesse grupo, de acordo com Luiz Barretto.
“Mais pessoas negras estão ascendendo à classe média e assumindo posições importantes no mercado de trabalho e no universo do consumo e do empreendedorismo”, ressalta Barretto.
Para o presidente do Sebrae, o avanço da participação de pessoas negras à frente de empresas indica também que as políticas sociais voltadas para essa parcela da população e a criação da figura jurídica do Microempreendedor Individual (MEI) estão contribuindo para a melhoria dos indicadores desse grupo que representa hoje mais da metade da população brasileira, de acordo com o Censo do IBGE.
De acordo com o estudo do Sebrae, além de elevar sua participação entre os proprietários de negócios, os negros também tiveram um aumento em seu rendimento médio mensal e no nível de escolaridade superior ao dos brancos. Entre 2002 e 2012, o tempo médio de estudo entre as pessoas negras cresceu 38%, passando de 4,7 para 6,5 anos. Já entre os brancos, esse crescimento foi de 21%, passando de 7,3 para 8,8 anos de estudo.
“Quando analisamos o incremento da remuneração no mesmo período, notamos que o rendimento médio real cresceu 45% entre os empreendedores negros, passando de R$ 786 para R$ 1.138 mensais, enquanto entre os brancos a expansão foi de 33%, variando de R$ 1.843 para R$ 2.460 por mês”, disse o presidente. Nesse aspecto, segundo Luiz Barretto, as expectativas são promissoras, na medida em que o nível de escolaridade do brasileiro tende a continuar crescendo e impulsionando a melhoria de renda.
Comércio e Serviços são os setores da economia que mais atraem tanto empreendedores brancos quanto negros. Entre os afrodescendentes, 46% atuam nesses dois setores, e entre os brancos 50%. No grupo dos negros, há uma proporção elevada de indivíduos envolvidos em atividades mais simples, como a pesca, ambulantes e cabeleireiros. Entre os brancos, verifica-se uma maior proporção de indivíduos que empreendem em atividades mais especializadas como advogados, médicos e engenheiros.
“A diferença de escolaridade interfere também nas áreas do empreendedorismo. Quanto maior o nível de instrução, mais complexa tende a ser a atividade exercida”, afirma o presidente do Sebrae.
Do total de afrodescendentes empreendedores, 41% estão no Nordeste e 31% no Sudeste. Já entre os brancos, 46% estão no Sudeste e 26% na região Sul. A maior concentração de empreendedores negros no Nordeste pode ser explicada pela forte migração de afrodescendentes para esta região e pela taxa de natalidade ali ser maior que a média nacional.
Com informações do IG, Instituto Lula e Sebrae