Lindbergh relata que comunidade internacional não consegue entender “golpe dos corruptos”

Lindbergh relata que comunidade internacional não consegue entender “golpe dos corruptos”

Lindbergh: “Hoje, o ladrão assumido negocia cargos e acena com a impunidade para aqueles que votarem no golpe, enquanto que o moralizador hipócrita posa no WhatsApp e na mídia como o estadista que vai salvar o Brasil”O mundo está perplexo e não consegue entender o que acontece no Brasil, onde uma presidenta sabidamente honesta corre o risco de ser afastada por adversários sabidamente corruptos e desonestos. De acordo com o relato do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), a comunidade internacional não consegue compreender o que chamou de “farsa monumental do golpe dos corruptos”. 

Em pronunciamento ao plenário nesta quarta-feira (13), o senador enumerou declarações de representantes de organismos e entidades internacionais que já deixaram clara sua estranheza com o rumo dos acontecimentos no Brasil. 

O diretor-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro definiu a situação no Brasil como o mundo ao contrário e disse que o impedimento de um chefe de Executivo que não responde a qualquer acusação de ter cometido ato ilegal enquanto existem parlamentares acusados e culpados é algo preocupante. Antes, Almagro já havia declarado que o mandato constitucional de Dilma Rousseff deve ser assegurado. 

Outra que, segundo Lindbergh está profundamente surpresa é a chanceler do governo conservador do argentino Mauricio Macri, Suzana Malcorra. Ela declarou há poucas semanas que o Mercosul poderá utilizar a cláusula democrática do Protocolo de Ushuaia “caso haja rompimento da ordem constitucional no Brasil”. O protocolo de Ushuaia trata de sanções e medidas previstas e acordadas entre os países do Mercosul em caso de ruptura da ordem democrática. 

“A Unasul (União de Nações Sul-americanas), que também dispõe de cláusula democrática, emitiu ontem nota sobre a decisão da Comissão Especial da Câmara”, contou o senador. Ele relatou que, de acordo com o documento, um presidente só pode ser processado e destituído por crimes em que se verifique sua participação dolosa e ativa. “Aceitar que um presidente possa ser destituído do cargo por supostas falhas em meros atos administrativos pode levar à perigosa criminalização de um governo simplesmente por razões de natureza política”, diz o texto. 

Lindbergh lembrou que essas manifestações se somam a muitas outras ocorridas em semanas anteriores. Entre elas, a da Cepal – Agência especializada da ONU – , a da ONU Mulheres, a do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), e do prêmio Nobel Adolfo Pérez-Esquivel, a dos ex-Chefes de Estado, como José Mujica (Uruguai), Felipe González (Espanha), Massímo d’Alema (Itália), e Ricardo Lagos (Chile) e de chefes de Estado atuais como Michelle Bachelet, do Chile, Tabaré Vazquez, do Uruguai, Evo Morales da Bolívia, Nicolás Maduro da Venezuela, Rafael Correa do Equador, entre vários outros. 

E, enquanto os meios de comunicação brasileiros fazem coro aos golpistas, outros como o britânico The Guardian, a revista alemã Der Spiegel, o jornal francês Le Monde, o espanhol El País, os jornais americanos Los Angeles Times e o New York Times, entre muitos outros, fazem reportagens e matérias questionando fortemente o processo do golpe no Brasil. A alemã Der Spiegel já está chamando o impeachment de “golpe frio”, prosseguiu o senador. 

Ele lembrou que essa não é a primeira vez em que se articula um golpe no Brasil, que já enfrentou esse tipo de situação nos governos Getúlio Vargas e João Goulart, por exemplo.  “Mas dessa vez há uma singularidade histórica que choca”, analisou. Para ele, dessa vez, o golpe está sendo articulado por corruptos que, efetivamente, combatem uma presidenta que combate a corrupção. 

“Hoje, o ladrão assumido – que também não sei se é chefe ou vice-chefe, como falou o senador Jorge Viana -, negocia cargos e acena com a impunidade para aqueles que votarem no golpe, enquanto que o moralizador hipócrita posa no WhatsApp e na mídia como o estadista que vai salvar o Brasil”, concluiu. 

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