Os golpistas estão mesmo decididos a atropelar a Comissão Especial do Impeachment. Nesta segunda-feira (13), o objetivo era limar das audiências o ex-subsecretário de Política Fiscal do Tesouro Nacional, Marcus Pereira Aucélio, e a ex-secretária de Orçamento Federal, Esther Dweck. Como se não bastasse, barraram a oitiva do ex-secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Barbosa Saintive. Tudo porque, como lembrou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), na sessão da quinta-feira passada (9), os depoimentos de dois técnicos do Tesouro Nacional desmontaram a tese de crime de responsabilidade fiscal.
“Sabe por que eles estão mudando? Porque, na reunião passada, os dois técnicos do Tesouro Nacional que vieram para cá, convocados por eles, mostraram que, em 2015, não tinha crime algum. Foi isso! Então, é um escândalo”, denunciou Lindbergh.
Na audiência do último dia 9, Adriano Pereira de Paula, coordenador-geral de Operações de Crédito do Tesouro Nacional, e Otávio Ladeira de Medeiros, secretário-adjunto do órgão, desmentiram a acusação de que Dilma havia dado recomendação expressa em 2015 – e em anos anteriores – para que técnicos do Tesouro promovessem pedaladas fiscais, ou seja, deixassem de cumprir a legislação orçamentária. Os especialistas do Tesouro mostraram que 2015 foi um ano atípico, porque o governo promoveu um contingenciamento orçamentário. Na prática, a presidenta determinou que todos os ministérios deveriam fazer uma economia de gastos.
Os neogovernistas alegam que ouvir Marcus Aucélio e Esther Dweck seria uma “repetição de informações”. Tudo jogo combinado, já que os representantes do governo golpista na comissão se reuniram para decidir a redução do número de depoentes. A ideia é mesmo tratorar e acelerar o fim do processo na comissão, já que a estratégia deve se repetir nas próximas sessões. O relator, Antônio Anastasia (PSDB-MG), deu parecer favorável à dispensa.
Lindbergh: sabe por que eles estão mudando? Porque, na reunião passada, os dois técnicos do Tesouro Nacional que vieram para cá convocados por eles, mostraram que, em 2015, não tinha crime algumO fato foi tão absurdo que foram dispensadas inclusive testemunhas que já estavam presentes na comissão e prontas para falar. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) deixou claro que a estratégia dos golpistas “não é séria” e classificou a votação de “atabalhoada. “Eles estão mostrando aqui que a estratégia deu errado, porque todos criticavam 2013 e 2014, mas diziam, todo mundo do Tesouro, que não, que em 2015 não houve crime de responsabilidade”, destacou Lindbergh.
O senador José Pimentel (PT-CE) esclareceu que, em audiência de testemunhas, a dispensa só é permitida se os dois lados, defesa e acusação, concordarem. “Não é o caso. E aqui nós tratamos exatamente de uma matéria que exige um aprofundamento na apuração dos fatos, na identificação das responsabilidades”, argumentou.
Um grande bate-boca tomou conta da sessão, que acabou interrompida por dois minutos. Quando retornou, o advogado de defesa, José Eduardo Cardozo, questionou as razões para a dispensa de testemunhas.
“Como fica então a situação da defesa, que tinha arrolado inicialmente alguns desses depoentes, teve que cancelar essa oitiva, porque foram definidos como testemunha de juízo, e agora elas são dispensadas?”, questionou, lembrando que abriu mão de alguns depoimentos porque eles já haviam sido arrolados como testemunhas pelo outro lado. O presidente da Comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB) disse que a defesa terá o direito de ajustar o rol das testemunhas.
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