Novas denúncias complicam a situação do governador de Goiás

Para Walter Pinheiro, a CPI deve remeter o caso ao STJ, via PGR para julgamento, além de solicitar o sequestro e o leilão dos bens do governador.

A situação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), piorou muito por conta das últimas revelações publicadas, nesse fim de semana, pela Revista Época. A opinião é do vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que analisa as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos – o Carlinhos Cachoeira . A matéria retoma o assunto da venda da casa de Perillo. Baseado em gravações telefônicas, um relatório da Polícia Federal mostra, de acordo com a reportagem, que Perillo e a construtora Delta firmaram um “compromisso”, pelo qual a empresa pagaria uma espécie de bônus para que o governo goiano fizesse os pagamentos à empresa rigorosamente em dia.

O “compromisso”, que teria sido intermediado por Cachoeira, incluiu as negociações para a venda da casa onde o governador morava, em Goiânia. Pelo imóvel, Perillo recebeu R$ 500 mil provenientes da Delta.

Paulo Teixeira defende uma nova investigação sobre o episódio da casa. “Depois disso, podemos até ouvir novamente o governador, mas isso não seria definido antes de agosto”, declarou em entrevista ao PT no Senado, afastando a possibilidade de votação ainda esta semana de um possível requerimento de reconvocação do governador.

O novo depoimento de Perillo à CPMI está sendo articulado pelos senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Segundo informações publicadas pelas agências de notícias nesta segunda-feira (15/07), os dois senadores estão dispostos a apresentar um requerimento de reconvocação do tucano nesta terça-feira (16/07). “Sabemos que o governador faltou com a verdade sobre a negociação do imóvel, mas, mesmo que o requerimento seja apresentado agora, ele não deve ser votado até agosto” ,reiterou Teixeira.

Mesmo remédio
O líder do PT, senador Walter Pinheiro (BA), entende que, comprovadas as denúncias contra o governador e, caso ele tenha faltado com a verdade, deve-se aplicar ao governador goiano, o mesmo “remédio” usado no caso do ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). Demóstenes foi cassado na semana passada, por ter ferido o decoro parlamentar.

Um dos seus principais argumentos para excluir Demóstenes do quadro de senadores foi justamente o fato de que ele colocara seu mandato a serviço da organização criminosa liderada por Cachoeira.

“O mesmo remédio dado a Demóstenes deve ser aplicado a Perillo. O caso de Demóstenes foi resolvido no Plenário do Senado. No caso de Perillo, a CPMI deve remeter o caso ao STJ, via PGR (Procuradoria Geral da República) para julgamento, além de solicitar o sequestro e o leilão dos bens”, afirmou Pinheiro.

Juiz Leão
Matéria publicada nesta segunda-feira pelo site Congresso em Foco também lança suspeitas sobre um outro personagem – dessa vez do Judiciário goiano. De acordo com a reportagem, o bicheiro José Olímpio de Queiroga Neto -, que vazou para o parceiro Carlinhos Cachoeira a existência da Operação Monte Carlo – esteve na casa do juiz titular da 11ª Vara Federal de Goiás, Leão Aparecido Alves, no dia em 7 de fevereiro.

Segundo a reportagem, não se sabe como Olímpio Queiroga obteve as informações sobre a Operação Monte Carlo. Mas ele esteve na residência do juiz Leão Aparecido perto do carnaval. O juiz não estava, mas, dali, Queiroga foi se encontrar com Carlinhos Cachoeira

A Polícia Federal seguiu Queiroga em Goiânia, quando ele entrou na casa do juiz Leão. O magistrado não estava lá, pelas investigações da PF. Mas da casa do juiz, Queiroga foi até um restaurante na cidade. Ali, se encontrou com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

O registro da visita do bicheiro aliado do chefe da “organização criminosa” desbaratada faz parte de um inquérito que apura a responsabilidade pelo vazamento da Operação. A visita aconteceu em meio a várias conversas entre Queiroga, Cachoeira e sua quadrilha em que eles demonstram já conhecerem detalhes da Operação em curso: nome da investigação, vara onde corria o inquérito, nome do juiz responsável e relatórios sobre o ex-senador Demóstenes Torres. Num dos diálogos, de cinco dias antes, o bando diz aguardar nova ida de Queiroga até a cidade de Goiânia, para buscar mais informações.

 

O juiz Leão argumenta que não repassou qualquer informação sigilosa à quadrilha, porque as prisões foram, de fato, feitas. Mas, como mostraram reportagens também publicadas pela imprensa, os responsáveis pela investigação dizem que ela só não acabou desbaratada porque Cachoeira não acreditou no relato de Queiroga.

 

Sobre o caso, Paulo Teixeira disse que a CPMI já pediu ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que investigue o comportamento do magistrado. De todo modo, ele acredita que Leão Alves também acabará sendo ouvido pela Comissão.

Giselle Chassot com agências online

Leia mais:
Para Pinheiro, cassação de Demóstenes deve servir como exemplo

To top