Ato contra discriminação de cor reuniu, no Senado, ativistas da cultura negra
Atos recentes de racismo, ocorridos em |
O senador Paulo Paim (RS), participou, emocionado, na manhã desta sexta-feira, 21, de sessão especial em homenagem ao Dia internacional Contra a Discriminação Racial, aos 30 anos do Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan) e ao centenário do ativista negro e senador Abdias do Nascimento. Ao usar a tribuna, o parlamentar representante do Rio Grande do Sul citou os nomes de negros brasileiros que se destacaram em áreas como esporte, artes e política e destacou a importância do empenho dos congressistas pela causa.
“Que nosso trabalho aqui no Senado Federal, e é isso que nós desejamos, ajude a eliminar o racismo das nossas ruas”, disse Paim. O senador, durante seu discurso, reverenciou a memória do líder africano Nelson Mandela e do político Nascimento, a quem homenageou com a leitura de uma poesia escrita por ele próprio. Esta semana, o Senado aprovou o PLS 114/1997, que amplia a abrangência da Lei da Ação Civil Pública a fim de proteger também a honra e a dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. O presidente do Senado, Renan Calheiros, adiantou que pedirá à presidente Dilma Rousseff a realização de solenidade especial para a sanção dessa proposta.
O evento contou com a presença de músicos, atores, parlamentares, autoridades do governo, ativistas e representantes de organizações do movimento negro. “Eu quero mais negros sendo agentes do processo de crescimento deste País”, discursou a atriz Zezé Motta, que é responsável pelo Cidan, uma instituição sem fins lucrativos que busca promover a inserção do artista negro no mercado de trabalho. Para evidenciar que o preconceito em relação a cor da pele ainda persiste, o senador gaúcho lembrou – e lamentou – atos ocorridos recentemente em estádios de futebol.
Durante o último mês de fevereiro, em partida do Cruzeiro pela Copa Libertadores, no Peru, torcedores agrediram verbalmente o jogador Tinga. Essas ofensas mereceram manifestação indignada da presidenta Dilma no Twitter. Também o árbitro gaúcho Márcio Chagas foi xingado e teve o carro amassado depois de jogo do campeonato estadual. “Essa é uma postura pequena, de um grupo sectário, que lembra o facismo, o nazismo, e isso nós não queremos”, discursou Paim., No último dia 13, Tinga e Chagas foram recebidos no Palácio do Planalto para reunião com a presidenta, quando discutiram sobre medidas contra esse tipo de ato crime.
O Dia Internacional Contra a Discriminação Racial é celebração instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU). A data foi escolhida porque, em 21 de março de 1960, em Joanesburgo, na África do Sul, houve confronto de manifestantes contra forças de segurança que resultou em 69 mortos e 186 feridos. Naquela ocasião, 20 mil pessoas protestaram contra a Lei do Passe, que obrigava negros a portar cartão com indicação dos locais onde era permitida sua circulação. Ainda que a manifestação fosse pacífica, a polícia do regime de apartheid abriu fogo sobre a multidão desarmada.
Com informações da Agência Senado