“Saída do PMDB do governo mostra face oportunista de uma ala do partido”, diz Paulo Rocha

“Saída do PMDB do governo mostra face oportunista de uma ala do partido”, diz Paulo Rocha

Paulo Rocha: “Estamos chamando atenção da oposição, e agora do PMDB, que oportunisticamente pula do barco”O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PT-PA), conversou com a imprensa na tarde desta terça-feira (5) que queria repercutir a notícia do dia: a renúncia de Michel Temer da presidência do PMDB e a escolha de Romero Jucá (PMDB-RR) para dirigir o partido. Para o líder Paulo Rocha, o discurso de Romero Jucá, que apoiou os tucanos na disputa eleitoral e “pulou fora do barco” do governo para assumir um posto na oposição, apenas mostra a face de uma ala do partido que quer o golpe. E isso tem nome para o líder do PT no Senado: oportunismo.

Durante o anúncio de que assumia a presidência do PMDB, Romero Jucá (PMDB-RR), que foi ex-líder do governo no Senado, defendendo projetos da presidência da República, disse que se eximia dos erros que agravaram a crise econômica e política no País e tentou jogar a culpa por todos os problemas na economia e na política ao PT, como se nos últimos treze o PMDB não tivesse participado do governo. Mas Jucá foi obrigado a ouvir de Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Jorge Viana (PT-AC) que a verdade era bem outra, ou seja, o maior aliado teve participação, sim, ao colher os frutos quando os ventos eram bons.

Jorge Viana lembrou que a crise econômica que parece um abismo na visão de Jucá, por culpa do governo Dilma segundo ele, em nada corresponde à situação do final do governo de Fernando Henrique Cardoso que tinha ninguém menos do que Jucá como líder: o desemprego era de 12% e hoje é de 8%; a taxa de juros beirava 30% e hoje está em 14,5% com viés de queda e as reservas internacionais, lá atrás, eram de US$ 34 bilhões, dos quais US$ 19 bilhões eram de um empréstimo que o governo tucano teve de pedir ao FMI. “Hoje as reservas estão em US$ 370 bilhões. Isso é motivo para incentivar a crise. Gostaria de saber quem piorou de vida nos dois mandatos de Lula e nos mandatos de Dilma? O milionário ficou bilionário”, disse ele.

A senadora Gleisi Hoffmann trouxe à lembrança de Jucá, que agora diz não ter relação nenhuma com a situação política e econômica, que ele foi relator do orçamento e isso, por si só, lhe inclui, para o bem ou para o mal, no resultado do desempenho da economia. Quanto aos cargos, Gleisi assinalou que Jucá fez indicações políticas para diversos cargos, não só ao Poder Executivo como também em Roraima – e até agora não devolveu nenhum cargo por mais que repita que não apoia mais o governo. Quem também chamou Romero Jucá de oportunista foi o senador Álvaro Dias (PV-PR), que cobrou dele a renúncia de Michel Temer da vice-presidência do País.

Abaixo, as perguntas feitas pela imprensa ao líder do PT, Paulo Rocha:

Repórter – Líder, qual a avaliação que o senhor faz da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio, de determinar que o presidente da Câmara abra um pedido de impeachment contra o ex-presidente (do PMDB) Michel Temer?

Paulo Rocha – A nossa posição é a de que o pedido de impeachment, a partir da base que foi pedida para a presidenta Dilma, ele não tem nenhum crime nesse sentido. Então, a nossa posição em relação ao impeachment do vice-presidente é a mesma em relação ao que temos em relação à presidenta Dilma, ou seja, não há crime. E se não há crime, não há impeachment. É colocar em retrocesso aquilo que está estabelecido a partir das eleições. Aqueles que querem antecipar eleições ou antecipar a saída de governos têm que esperar o processo da democracia, que é daqui a dois anos. Portanto, qualquer saída hoje é resolver o problema do impeachment que já está se processando. Acho que a reação da sociedade nas ruas, os vários setores da sociedade organizada, quer seja o setor cultural, os artistas, as universidades, quer seja os trabalhadores e trabalhadores em geral, cria as condições para que o impeachment não passe na Câmara dos Deputados. E a partir disso o governo fica com a responsabilidade de resolver os problemas do País, o problema da economia e restabelecer a confiança política nos partidos e no partido do governo.

Repórter – Em relação a esse discurso do novo presidente do PMDB, Romero Jucá, na forma crítica que ele colocou sobre o seu partido, qual é sua avaliação?

Paulo Rocha – É um erro alguém querer criminalizar o PT. Acho que é um dos democratas, um erro. O PT cometeu alguns erros no governo, na sua história? Cometeu. Somos um conjunto de pessoas humanas, mas nós tivemos sempre nos grandes momentos de construir a democracia e esse governo de Dilma e os oito anos do governo de Lula foram processo dessa luta, da democracia. E que levou o País a ganhos e avanços importantes para a sociedade brasileira e, principalmente, para os trabalhadores e para as regiões menos desenvolvidas do nosso Brasil. Interromper isso agora porque o governo atual está com problema de credibilidade ou está com problema de resolver o problema da economia, isso não pode ser motivo de queda de governo. Tivemos governos no passado que passaram por crises maiores do que essa Portanto, é para isso que estamos chamando atenção da oposição e agora do PMDB que, oportunisticamente, pula do barco. Isso é oportunismo político e se associa a um grupo que quer antecipar as eleições através de um golpe.

 

 

Marcello Antunes

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