Humberto: Planalto tem medo das informações com poder destrutivo de Cunha, que pode atingir Michel TemerAs peças de um imenso quebra-cabeças começam a ser juntadas sobre o que teria sido, de fato, tratado no encontro misterioso entre o presidente biônico Michel Temer e o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no último domingo (26), no Palácio do Jaburu. Para o senador Humberto Costa (PT-PE), está absolutamente claro que o vice de Dilma tem operando fortemente para que a sua base na Câmara livre Cunha da cassação pelo plenário da Casa.
“Há um imenso medo no Planalto em relação a Cunha, que guarda informações de um poder destrutivo sem tamanho contra muita gente do governo golpista, entre eles o próprio Michel Temer”, denunciou o senador petista, nesta quarta-feira (29), em discurso ao plenário.
De acordo com matéria do jornal O Globo desta quarta, interlocutores do Palácio do Planalto tentam um ‘acordão’ para viabilizar a eleição do deputado Rogério Rosso (PSD-DF), aliado de Cunha, no lugar do peemedebista na presidência da Câmara. A reportagem afirma ainda que a sucessão de Cunha foi um dos pontos da conversa entre o deputado afastado e Temer, no domingo. O jogo seria armado para o parlamentar renunciar ao cargo na presidência da Casa para preservar o seu mandato.
Humberto também destacou a fala do líder do governo provisório no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), sobre o encontro dos peemedebistas. Nunes disse que é “melhor receber no Jaburu do que no banheiro”. “[Desse comentário] se depreende o alto nível que marcou essa reunião”, criticou o petista.
As tentativas de salvar Cunha já fracassaram no Conselho de Ética da Câmara e, agora, a tentativa é salvar o parlamentar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. O deputado afastado entrou com recurso na CCJ e o relator, assim como o nome que Temer deve defender para presidir a Câmara, é um aliado de Cunha: o deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF).
Balcão de negócios
Durante o discurso, Humberto ainda descascou o que classifica como “balcão de feira” para viabilizar o processo golpista contra a presidenta Dilma e garantir que o governo interino se equilibre minimamente. O método para obter o apoio necessário, segundo o senador, é a oferta de cargos na administração pública.
É esse o motivo que leva Temer a desfigurar completamente a Lei de Responsabilidade das Estatais que foi aprovada no Senado. Quando veio da Câmara, o texto privilegiava o fisiologismo e o toma-lá-dá-cá da gestão provisória, segundo Humberto. Porém, os senadores reajustaram a proposta para dar novas regras de governança, mais transparência e mais rigor no preenchimento de cargos nas estatais. O texto, atualmente, está nas mãos do presidente ilegítimo.
“Mas, nas mãos dos atuais ocupantes do Palácio do Planalto, a sanção da Lei de Responsabilidade das Estatais foi adiada, exatamente porque Temer está avaliando vetar pontos da norma que impedem as indicações políticas”, criticou Humberto.
De acordo com a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, nas últimas 24 horas, quase 140 nomeações foram autorizadas na administração pública, um “esforço do governo para contemplar aliados ávidos por cargos enquanto busca uma solução para a Lei das Estatais”.
“É a caneta do governo golpista buscando a viabilidade política por meio do fisiologismo, do empreguismo, da ocupação de cargos públicos na administração direta pelos aliados. Mas não é suficiente. Então, é necessário o uso das diretorias das estatais para pagar essa fatura, em razão de que ele suspendeu a sanção da lei para discutir o melhor caminho de apor vetos que possam garantir porteiras abertas para fazer dessas vagas, poderosas moedas de troca”, criticou o senador pernambucano.
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