Viana destaca relevância da “encíclica verde” divulgada pelo Papa Francisco

Jorge Viana: “O Papa Francisco diz que nós temos todos, que tomar consciência da necessidade de realizar mudança no estilo de vida”O senador Jorge Viana (PT-AC) fez um discurso na tarde desta quinta-feira (18) para enaltecer a contribuição extraordinária que o Papa Francisco deu ao mundo hoje ao divulgar sua primeira encíclica, intitulada “Laudato Si” e que está sendo chamada como “encíclica verde”. Encíclica é um documento papal dirigido aos bispos de todo o mundo e, através deles, a todos os fieis, sendo usada pelo Papa para exercer seu trabalho. “Essa encíclica é a maneira que o Papa tenta compartilhar suas preocupações com o que está ocorrendo no meio ambiente”, afirmou.

Em recente visita ao Vaticano, acompanhado do arcebispo do Acre Dom Moacyr e do padre Ceppi, Viana conversou com Francisco por mais de uma hora, tempo acima do normal dedicado pelos sumos sacerdotes. Nessa conversa franca, Viana apontou que a Igreja deveria revogar documentos que, no século das conquistas, elaborados por portugueses e espanhóis, e estabeleceram uma relação perversa com populações tradicionais, especialmente as populações indígenas.

“Nós levamos essa sugestão para ele e discutimos também os ideais de Chico Mendes. Imaginem participar de uma conversa demorada com ele”, disse Viana.

A encíclica verde de Francisco, desde o início, constata que o mundo está dentro de uma mudança profunda do clima e a causa é a ação humana, resultado do modelo de produção e consumo usado por quase sete bilhões de habitantes na terra, razão de desequilíbrio que muda a temperatura e provoca desastres naturais extremos.

“O Papa Francisco fala que inúmeros estudos científicos relatam que a maior parte do aquecimento global das últimas décadas se deve à concentração de gases do efeito estufa – dióxido de carbono, metano, óxido de nitrogênio e outros – emitidos por causa da atividade humana”, e faz um alerta: “se a tendência atual continuar, este século poderá testemunhar mudanças climáticas inéditas e uma destruição sem precedentes dos ecossistemas, com graves consequências para todos nós”.

O senador considera que a encíclica verde é um alento para todos os líderes mundiais, para todos os governos, porque é a ação do homem que coloca o planeta em risco. “O Papa Francisco diz que nós temos todos, que tomar consciência da necessidade de realizar mudança no estilo de vida, de produção e de consumo, para combater o aquecimento global ou, pelo menos, as causas humanas que o provocam e que o agravam”, salientou.

E a encíclica é dura, por trazer com clareza que a fraqueza da resposta da política internacional “é impressionante”; que a submissão da política à tecnologia e às finanças se revela no fracasso das cúpulas sobre o clima, porque o mundo não pactua na busca de equilíbrio na relação homem/natureza. O interesse econômico prevalece sobre o bem comum e manipula informações para não ver seus projetos afetados. O Papa Francisco também não se esqueceu de lembrar sobre a responsabilidade com os mais pobres, porque eles não podem ser chamados a um sacrifício maior em relação ao que se pede aos países ricos. “É preciso buscar o equilíbrio e não o egoísmo”, disse Viana.

Além disso, o Papa Francisco reserva um capítulo sobre a escassez de água potável que, segundo ele, representa uma questão de primeira importância, indispensável para a vida humana e por sustentar ecossistemas terrestres e aquáticos.

Marcello Antunes

Para ler, em italiano, a primeira encíclica de Papa Francisco, clique abaixo

 

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