Na era Bolsonaro, tudo o que é ruim pode piorar. Após levantamento da Rede Penssan, apresentado no último dia 5, identificar 116,8 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar e 19 milhões passando fome no ano passado, outro estudo, coordenado pelo Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça, aponta 59,4% dos domicílios, ou 125,6 milhões de pessoas, na mesma condição entre agosto e dezembro de 2020.
A pesquisa ‘Efeitos da pandemia na alimentação e na situação da segurança alimentar no Brasil’ revela ainda que 15% desses lares, ou 31,7 milhões de pessoas, chegaram a relatar falta ou redução da quantidade de alimentos até para as crianças. Essa é a condição que caracteriza insegurança alimentar grave, o termo técnico para a fome.
Alimentos mais caros foram os mais afetados: 44% dos domicílios reduziram o consumo de carne, 40,8% reduziram o consumo de frutas e 40,4% reduziram o consumo de queijo. Quase um terço (36,8%) teve que diminuir as compras de hortaliças e legumes. O ovo sofreu redução, mas menor: 17,8% dos lares passaram a comprar menos ovo, enquanto 18,8% aumentaram o consumo, o maior crescimento da lista.
Beneficiários do Bolsa Família são os mais atingidos
Beneficiários do Bolsa Família são os que enfrentam os maiores níveis de insegurança alimentar no país, com 88,2%. Destes, 35% passam fome e outros 23,5% convivem com nível moderado de insegurança alimentar. Casas com crianças de até 4 anos apresentam índices ainda mais críticos do que a média nacional: 70,6% em insegurança alimentar, com 20,5% passando fome.
“É uma tragédia”, resumiu o senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH).
O Grupo de Pesquisa Alimentos por Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares em uma Bioeconomia é formado por acadêmicos da Universidade Livre de Berlin, e a pesquisa foi desenvolvida em conjunto com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de Brasília (UnB).
Eles concluíram que as instabilidades socioeconômicas foram agravadas pela pandemia e acentuaram desigualdades alimentares, especialmente o acesso a alimentos saudáveis. O estudo associa o baixo consumo desses alimentos ao surgimento de doenças crônicas.
A pesquisa também revela que, sem o auxílio emergencial de R$ 600, a insegurança alimentar teria sido ainda maior. Entre os entrevistados, 52% contaram com ao menos uma parcela do benefício. Para 63% deles, o dinheiro foi usado para comprar comida, e 27,8% o utilizaram para pagar contas básicas e dívidas.
“Continuo batalhando pelo Auxílio Emergencial no valor de 600 reais para dar um mínimo de conforto e de segurança alimentar às pessoas. Diante da profunda crise que vivemos, chegaram novos milionários no Brasil, enquanto triplicamos o número de pessoas na extrema pobreza. A vida está complicada para a nossa gente e é obrigação do governo bancar um valor melhor”, disse o senador Jaques Wagner (PT-BA).
Com informações da Agência PT de Notícias