No fundo do poço

Só investimento público destrava a economia

O arrocho fiscal abraçado por Temer e perpetuado por Bolsonaro, porém, caminha na contramão desse movimento
Só investimento público destrava a economia

Foto: Agência Brasil

Com o desemprego em 12%, aumento da precarização dos vínculos trabalhistas e a pífia criação de novos postos de trabalho — foram apenas 34 mil novas vagas abertas em janeiro de 2019, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) — já passou da hora do governo parar de apostar em passes de mágica  como a Reforma da Previdência e afrouxar o torniquete que estrangula a economia.

“Neste quadro de asfixia, só o aumento dos níveis de investimento pode destravar a roda da economia, garantindo a retomada do consumo das famílias e o efeito multiplicador desse movimento na geração de novos postos de trabalho”, aponta o economista Bruno Moretti, assessor da Bancada do PT no Senado.

Retomar o dinamismo
Sem investimento privado — também retraído pela conjuntura econômica — a saída está nas ações governamentais, como as obras de grande porte que dinamizaram o País durante os governos petistas especialmente no bojo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O arrocho fiscal abraçado por Temer e perpetuado por Bolsonaro, porém, caminha na contramão desse movimento. Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou mais de 12 mil obras públicas paralisadas em todo o País, segundo relatório divulgado pelo órgão em outubro de 2018.

Emprego e benefícios
Só no âmbito do PAC, que contempla empreendimentos de grande porte, são 2,8 mil obras paradas, o que dá uma ideia do potencial de criar empregos que uma retomada nesse setor teria — sem contar o impacto social da inauguração desses projetos.

Afinal, entre esses 2,8 mil empreendimentos paralisados estavam obras de saneamento, construções de creches e posto de saúde, projetos de mobilidade urbana, rodovias e ferrovias, por exemplo.

Um dos fatores que levou à paralisação de muitas dessas obras é o congelamento dos investimentos públicos durante 20 anos, conforme determinado a partir da aprovação da “PEC da Morte”.

Fórmula eficaz
Sem criar alternativas que afrouxem esse nó, não há como a economia brasileira voltar a respirar, avalia Bruno Moretti. Gerar emprego e renda para que as famílias voltem a consumir é uma receita clássica que já se provou eficaz em diversos momentos da história.

No New Deal de Roosevelt para reverter a Grande Depressão dos anos 30, nos Estados Unidos, ou na iniciativa inovadora de Getúlio Vargas, comprando a enorme safra de café encalhada após a quebra da Bolsa de 1929, a ação governamental tem um papel fundamental em momentos de estagnação econômica.

“O problema é que Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes estão apostando no extremo oposto, que é aprofundar ainda mais um arrocho que não para de fazer estragos na vida da maioria da população”.

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