O Brasil está mergulhado numa crise econômica e social que não dá sinais de trégua, graças à política conduzida do governo Bolsonaro pelo ministro Paulo Guedes. O país está fadado a manter uma taxa de desemprego que é quase o dobro daquela registrada entre as 100 maiores economias do mundo. Aqui, a taxa de desemprego permanece alta, batendo em 11,1% conforme o relatório do IBGE no primeiro trimestre de 2022.
Em 2021, a taxa de desemprego foi de 13,2% e, em 2020, de 13,8% em 2020. A média global que é de 7,4%, conforme levantamento do Fundo Monetário Internacional baseado nos dados de 101 países. “O desemprego condena nosso povo ao sofrimento e à miséria”, denuncia o senador Rogério Carvalho (PT-SE). Ele lamenta que a taxa de desemprego em seu estado natal, Sergipe, é a 4ª maior do país. “Precisamos voltar a colocar nosso estado no caminho do desenvolvimento”, destaca.
No país, pelo menos 3,4 milhões de brasileiros estão em busca de emprego há mais de dois anos. O percentual registrado aponta que há 11,9 milhões de pessoas desocupadas no país. Eram 12 milhões no trimestre anterior, e 15,3 milhões no mesmo período do ano passado. Nada menos que 29% dos desempregados procuram trabalho há mais de dois anos.
O mercado estima que não haverá melhora do mercado de trabalho ao longo de 2022. O crescimento do emprego, por conta da reabertura da economia já tendo cumprido seu curso, e a fraqueza do consumo, devido à inflação e à resposta da política monetária, apontam para uma estagnação na geração de emprego ao longo do ano. A taxa de desemprego deve ficar por volta do patamar atual, ou até piorar um pouco, caso a taxa de participação da população na força de trabalho venha a subir.
Na semana que passou, milhares de pessoas permaneceram em fila na busca por um emprego no Vale do Anhangabaú, centro da capital paulista. Alguns estavam desesperados, numa espécie de antessala da miséria, tentavam escapar da condição de muitos moradores de rua que se espalham nas proximidades.
“Hoje, se eu não tivesse família, meus pais, meus irmãos, eu estaria morando na rua”, declarou um dos candidatos que estavam na fila na segunda-feira, primeiro dia do mutirão, ao repórter Guilherme Pimentel, da TV Globo. Mauro, o entrevistado, tem 59 anos, foi bancário e vendedor e nos últimos quatro anos tem trabalhado como auxiliar de faxina, quando é chamado. O bico não garante o pagamento do aluguel.
O mutirão, encerrado na sexta-feira, foi promovido pela central sindical UGT (União Geral dos Trabalhadores), que organizou uma lista de 10 mil ofertas de trabalho na Grande São Paulo, a maioria no setor de serviços. O maior número de vagas disponíveis era para caixa de supermercado. Os salários variavam de R$ 1.500 a R$ 1.700.
O preço das passagens de ônibus e metrô, combinado com o desemprego, fez a busca pelas vagas ser menor que o esperado pelos organizadores. “A falta de dinheiro complicou. A periferia está abandonada como nunca esteve”, avalia o presidente da UGT, Ricardo Patah.