A CPI da Covid realizou nesta segunda-feira (18) uma emocionante sessão para ouvir familiares de vítimas e sobreviventes da Covid-19. Durante os depoimentos dos convidados, um representante de cada região do Brasil, foram feitas diversas críticas, principalmente, ao comportamento errático de Jair Bolsonaro na gestão da pandemia e que contribuiu, sobremaneira, para a marca de 603.324 mortes ocorridas pela doença até o dia de hoje.
O presidente da organização não governamental Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, listou durante a sua fala os episódios nos quais Bolsonaro contribuiu para amplificar a tragédia sanitária provocada pela pandemia e classificou o comportamento do presidente como “ridículo”. A Rio de Paz também estendeu em frente ao Congresso Nacional 600 lenços brancos, posteriormente, entregues à CPI, simbolizando as mais de 600 mil vítimas da pandemia no Brasil.
#CPIdaCovid – Presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, lista todos os episódios em que Bolsonaro trabalhou para o vírus e desabafa: “Ridículo! Ninguém aceitaria isso em uma nação livre e desenvolvida.” pic.twitter.com/xEmHnkaU3J
— PT no Senado (@PTnoSenado) October 18, 2021
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) destacou que o governo Bolsonaro não agiu apenas como negacionista da pandemia, mas foi aliado do vírus ao promover aglomerações com intuito de alcançar a chamada imunidade de rebanho, visando um método de imunização contra a Covid-19 que colocou em risco a vida dos cidadãos e vitimou milhares de brasileiros e brasileiras.
“O governo não foi só negacionista, ele não foi só inerte, ele não foi só incompetente ou negligente. Ele agiu de forma intencional para ampliar o contágio. Ele agiu de forma intencional para que as pessoas se infeccionassem para produzir a imunidade coletiva. Isso é muito mais grave, muito mais cruel. Isso é tenebroso, macabro. Eles expuseram 216 milhões de pessoas ao risco de contrair uma doença que todos sabiam que era grave e letal”, afirmou.
O taxista Márcio Antônio dos Nascimento da Silva, que ficou conhecido por recolocar cruzes derrubadas por manifestantes bolsonaristas num ato de homenagem às vítimas da Covid-19 na praia de Copacabana, afirmou que o “mínimo” que a população merecia era um pedido de desculpas de Bolsonaro após de toda a falta de orientação que o governo deixou de dar durante a pandemia e demora na compra de vacinas que vitimou milhares de brasileiros, dentre eles, seu filho, Hugo, de 25 anos.
O rosto de Márcio Silva viralizou nas redes em abril deste ano, após circularem imagens dele recolocando cruzes que homenageavam 100 mil vítimas da Covid em uma praia.À época, o filho havia acabado de falecer e ele não suportou a dor de ver um grupo de pessoas hostilizando o ato. pic.twitter.com/PVmmmTihgS
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Relatos comoventes
Os membros da CPI ouviram uma sequência de relatos emocionantes de como a pandemia afetou a vida de famílias inteiras de diferentes formas. Um dos depoimentos foi da jovem Giovanna Gomes Mendes da Silva, de 19 anos. Ela perdeu o pai e a mãe no espaço de 14 dias para a Covid-19 e ficou como responsável legal pela irmã de apenas 10 anos de idade.
Jovem de 19 anos, Giovanna Silva conta que perdeu a mãe e o pai para a Covid-19, em um intervalo de 14 dias. Diante da dor, assumiu a guarda da irmã de 10 anos. Além do choque emocional, a estudante conta como sua vida foi impactada financeiramente.“Perdemos uma vida de alegria.” pic.twitter.com/keVdeRsVOt
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O senhor Arquivaldo Bites, perdeu seis parentes próximos para a Covid-19, afirmou aos senadores que foi hostilizado por defensores do governo apenas por defender as medidas de restrição social para combater a pandemia. Após sobreviver à doença, ele relatou ter ficado com diversas sequelas.
Depois de perder seis parentes, Arquivaldo Leite conta que foi contaminado pelo coronavírus. Vacinado, sobreviveu. Mas precisa conviver com graves sequelas da doença.#CPIdaCovid pic.twitter.com/9ekL0zD9PA
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A enfermeira Mayra Lima, de Manaus, perdeu a irmã para a Covid-19 em janeiro deste ano no auge da crise da falta de oxigênio que acometeu a capital do Amazonas. Ela deixou quatro crianças.
Durante seu relato, Mayra explicou as dificuldades que profissionais de saúde e pacientes tinham para obter materiais básicos de proteção contra a Covid-19 no ambiente hospitalar.
A enfermeira Mayra Lima narra as dificuldades que ela e seus colegas da área da saúde tiveram na pandemia, inclusive no acesso a equipamento de proteção, como máscaras. “Hoje, eu falo que vivi uma guerra.” #CPIdaCovid pic.twitter.com/Pjdglj7Hw1
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Relatório deve dar uma resposta clara para a sociedade
O senador Humberto Costa (PT-PE) destacou que o relatório final da CPI, previsto para ser lido na próximo quarta-feira (20), precisa dar uma “resposta clara” e corresponder às expectativas que foram criadas pela sociedade após o extenso trabalho de investigação realizado pelo colegiado.
“Os senadores que estão aqui não tem o direito de deixar de dar ao Brasil uma resposta clara, unificada. Não podemos nos transformar numa fogueira de vaidades nesse final de um trabalho tão bonito, tão importante e que vai ficar para a história desse País. Precisamos ter a clareza da importância da expectativa que o povo brasileiro tem em relação a essa CPI. Nada pode justificar que não busquemos o tempo inteiro construir algo que seja justo, contundente e fruto de um trabalho coletivo”, destacou o senador.