“Sou a favor de que os detidos pudessem ter |
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu, em discurso ao Plenário, nesta quarta-feira (20), que o Supremo Tribunal Federal (STF) e o juiz responsável pela execução da sentença do deputado José Genoino definam com celeridade o local de cumprimento da pena a que foi condenado na Ação Penal 470, o chamado “mensalão”. Suplicy manifestou preocupação com a saúde de Genoino, a quem visitou na última segunda-feira (18), no Centro de Integração e Reeducação do Complexo da Papuda.
“É preciso definir logo onde Genoíno e [o ex-ministro] José Dirceu vão cumprir o regime semiaberto, que permite que eles possam trabalhar e estudar”, defendeu o senador.
Nesta manhã, também a presidenta Dilma Rousseff voltou a afirmar sua preocupação com o estado de José Genoino. Ela enfatizou a gravidade da doença cardíaca do deputado: “Ele teve uma doença muito grave no coração e toma anticoagulante”. “Manifestei de fato uma grande preocupação humanitária em relação à saúde do deputado federal José Genoino. Fiz porque sei as condições de saúde dele”, disse ao lembrar que esteve presa com a mulher dele, Rioko. “Eu estive encarcerada com a mulher do Genoino, que se chama Rioko, durante o período da ditadura militar. Portanto, manifestei a minha preocupação com a saúde dele, em caráter estritamente pessoal”, observou.
Hoje, ao receber visita da família, Genoino queixou-se de dor no peito. Sua filha Miruna Kayano Genoino disse a jornalistas que o deputado está quase sem voz e tem agora o olhar apagado, como se estivesse mirando um ponto fixo. “Baixinha, quando eu cheguei nessa prisão senti que estava vivendo tudo aquilo de novo”, disse ele a Rioko, sua companheira há 40 anos. “Aquilo”, segundo explicou, é uma referência ao cárcere da ditadura, quando Genoino foi capturado pela polícia após participar da Guerrilha do Araguaia, nos anos 70.
No plenário, Suplicy ainda narrou que recebeu inúmeras mensagens e telefonemas comentando sua visita aos presos, “algumas apoiando outras criticando” e afirmou que é “mais do que importante que tendo uma relação de mais 33 anos com essas pessoas, no momento de dificuldades em que estão detidos é mais do que natural que eu possa ter ido visitá-los”.
O senador paulista conta que levou cinco livros para que Genoino, Dirceu e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pudessem aproveitar bem o seu tempo. “Sou a favor de que estes detidos pudessem ter penas alternativas ou que possam efetivamente realizar ações durante qualquer punição que lhes seja imputada”, defendeu Suplicy. “Se eles puderem ter transformadas as suas penas em penas alternativas, de serviços à comunidade eu seria muito favorável a isso”.
Desde sexta-feira (15), quando foram expedidos os mandados de prisão contra os integrantes do Partido dos Trabalhadores condenados na Ação Penal 470, o senador paulista vem acompanhando o desenrolar da situação. Ele conta que recebeu telefonemas de pessoas de todo o Brasil preocupadas com a saúde de Genoino e pedindo que Suplicy prestasse assistência aos presos, especialmente em função do estado de saúde de Genoino, submetido a uma cirurgia de dissecção da artéria aorta no último mês de julho.
Na sexta-feira, após a expedição dos mandados, tanto Genoino quando José Dirceu se apresentaram prontamente à Polícia Federal, em São Paulo, onde moram—e de onde foram transferidos para Brasília, com transmissão ao vivo dos canais de notícias e sem que tenha havido uma explicação para isso, já que qualquer preso, no Brasil, tem o direito de cumprir pena o mais perto possível de seu local de residência.
“No final da tarde de domingo, recebi um telefonema de Miruna, filha de José Genoíno, que, muito preocupada, angustiada, me falou do risco que estava correndo seu pai”, relatou Suplicy. Na segunda-feira, assim que chegou a Brasília, o senador foi visitar os presos. Deles, ficou sabendo que receberam bom tratamento de todos os servidores da Polícia Federal, em São Paulo e em Brasília. “Os detentos da Papuda também tiveram uma atitude de muito respeito e civilidade para com os três, ao ponto de oferecerem lençóis e de terem compartilhado alimentação, um gesto obviamente de civilidade e humanidade”, contou Suplicy.
“O exame de saúde de José Genoíno concluiu que, de fato, ele precisa de cuidados específicos, medicamentosos e gerais, porque está com doença grave, crônica e agudizada, que é necessário controle periódico”, lembrou Suplicy, referindo-se ao laudo da junta médica que examinou o deputado na última terça-feira, a pedido da Procuradoria Geral da República.
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