Suplicy envia carta a Obama e faz apelo contra a invasão à Síria

Senador também lamentou novas informações sobre atos de espionagem que teriam violado privacidade da presidenta Dilma Rousseff.

Ao lembrar Luther King, Suplicy defende pede
que os EUA façam pressão contra o governo
sírio. Senado diz temer pela paz mundial

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), um dos parlamentares mais atuantes da Comissão de Relações Exteriores (CRE), relatou, nesta segunda-feira (02), sua preocupação com a iminente ação bélica dos Estados Unidos em território sírio, contra o governo de Bashar Al Assad. Suplicy comunicou, em plenário, que enviou uma carta ao presidente norte-americano, Barack Obama, mostrando sua preocupação com a movimentação militar estadunidense e os reflexos de um confronto na região.

“Tendo em conta o conselho de Martin Luther King Jr., urge que os Estados Unidos e as nações aliadas não lancem os seus meios militares de ataque contra a Síria, mas usem de formas de pressão pacíficas contra o governo sírio, para forçá-lo a parar com o uso de armas químicas contra os rebeldes e a população civil”, leu destacou Suplicy, em trecho da carta enviada a Obama.

Luther King foi pastor protestante e ativista político e tornou-se um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos EUA com uma campanha de não violência e de amor ao próximo. Sua atuação culminou com a Marcha sobre Washington de 1963, onde ele fez seu discurso “I Have a Dream”. Em1964, King recebeu o Prémio Nobel da Paz pelo o combate à desigualdade racial através da não violência. O ativista também atuou contra a pobreza e a guerra do Vietnã. King foi assassinado em 4 de abril de 1968, em Memphis, Tennessee. Na semana passada, na cerimônia de homenagem ao Luther King, Obama discursou falando em não violência.

Suplicy relatou ainda temer pela paz mundial, sobretudo, após as palavras do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que, ao justificar o possível ataque, anunciou ter a comprovação de que o governo sírio tenha utilizado armas químicas de destruição em massa contra cidadãos rebeldes contrários ao governo sírio e que levou à morte de um grande número de cidadãos, inclusive, crianças.

Espionagem da NSA
Suplicy também lamentou as novas informações acerca da atuação da Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês) que teria, por meio de seus programas de vigilância, espionado a presidenta Dilma Rousseff e o, à época, candidato a presidente do México, Sebastian Piñera.

“Certamente constitui um atentado àquilo que garante a Constituição brasileira, ou seja, as comunicações entre pessoas, seja por telefonemas, e-mails ou feitas pela Internet, que não podem ser objeto de conhecimento de terceiros, a não ser que haja decisão judicial a respeito”, disse.

Também nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, afirmou, em entrevista coletiva no Palácio do Itamaraty, que o Governo do Brasil exige, por escrito, prontas explicações sobre as denúncias de espionagem a comunicações da presidenta Dilma Rousseff e de seus assessores.

“Isto representa uma violação inadmissível, inaceitável, da soberania brasileira. Este tipo de prática é incompatível com a consciência necessária a uma parceria estratégica entre os dois países. O Brasil quer prontas explicações, formais, por escrito, sobre os fatos revelados na reportagem”, destacou Figueiredo.

Rafael Noronha
 

Leia a íntegra da carta enviado por Eduardo Suplicy
 

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