Tabu da poupança tem que estar abaixo dos interesses do País

Para Wellington, a Selic deve ser referência e a poupança deve ter uma remuneração ligeiramente abaixo "salvaguardando os milhares de poupadores”.

O senador Wellington Dias (PT-PI) vai acompanhar no Senado as discussões sobre a mudança na sistemática de remuneração das cadernetas de poupança que, no cenário atual, impede uma redução consistente da Taxa Selic que remunera os títulos públicos federais. Hoje em 9% ao ano, a taxa tende a cair mais, só que esbarra na camisa de força que é o critério de rendimento da poupança norteado pela Taxa Referencial (TR) mais 6,17% ao ano. “Nós vamos ter que lidar com esse tema com muita coragem e responsabilidade. Há, na verdade, um tabu e esse tabu tem que estar abaixo dos interesses do Brasil”, afirma.

Wellington Dias observa que dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, o Brasil só perde para a Rússia quando o assunto é o juro real, a diferença entre a inflação e o juro que remunera os títulos públicos, hoje em 3,3%. Por mais que o juro real esteja num patamar dos mais baixos da história – já foi de 20% no começo do Plano Real -, as taxas chegaram ao piso e praticamente igualaram aos juros da poupança pagos aos investidores.

“A poupança tem particularidades que precisam ser mantidas. Primeiro, a segurança do Tesouro Nacional e, segundo, a garantia de não ter impostos. Eu creio que podemos considerar a Taxa Selic como uma referência e a poupança ter uma remuneração ligeiramente abaixo, como foi ao longo do tempo, salvaguardando os milhares de poupadores e, ao mesmo tempo, abrindo caminho para reduzir os juros reais no Brasil”, diz ele.

Para Wellington, o ideal é que o juro real fique em torno de 2%, porque essa é a média praticada em outros países. “Para podermos reduzir a este patamar é preciso alterar a regra da poupança, mas alterar de forma segura”.

Ao promover as mudanças, o senador acredita que automaticamente o governo irá aumentar a capacidade de investimento do País porque irá pagar menos juros no financiamento da dívida atrelada aos títulos públicos. “Cada ponto percentual de queda da Taxa Selic que o Brasil paga nós estamos falando de R$ 10 bilhões a menos que deixa de seguir para os investimentos”, observa.

Perfil
O perfil dos investidores nas cadernetas de poupança, segundo Wellington, é de uma pessoa que não está muito interessada em saber se a bolsa de valores subiu ou caiu, se o dólar está caro ou barato. O investidor quer saber qual será a rentabilidade. Na opinião do senador, o Conselho Monetário Nacional (CMN) está apto e é confiável para cuidar da nova fórmula de cálculo da poupança, de forma que continue atrativa aos investidores e corresponda a um percentual da Taxa Selic.
 

Ouça entrevista com o senador Wellington Dias (PT-PI)
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Marcello Antunes

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