Apesar da desaceleração da economia brasileira nos últimos meses, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avalia que o segundo semestre deste ano vai registrar um ritmo mais forte que o primeiro. Assim como a taxa de inflação, que deverá se aproximar da meta programada pelo Governo brasileiro.
“Nossa perspectiva é de que a economia cresça mais no segundo semestre, ao mesmo tempo em que a inflação continua em sua trajetória de convergência à meta”, disse Tombini em audiência, nesta terça-feira (28/02), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Ao final do debate, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) parabenizou Tombini e cobrou uma manifestação “dos críticos” que, na última argüição do presidente do BC manifestavam sua descrença da redução progressiva da Selic como forma de estimular a economia, no cenário de crise internacional. “Fazendo eco às pressões do mercado, essas pessoas diziam que não se podia reduzir os juros, para não perder o controle da inflação. A realidade demonstra que eles estavam errados e o BC estava certo”.
Tombini admitiu que o Brasil cresceu abaixo do potencial nos dois últimos trimestres de 2011, cenário que deve se repetir no primeiro trimestre de 2012. “É exatamente por isso que o BC vem ajustando a taxa básica de juros”, disse.
No período citado por Tombini, o Conselho Nacional de Política Monetária (Copom) aprovou sucessivos cortes na taxa básica de juros (conhecida como Selic), que já representam uma redução de dois pontos percentuais em relação ao patamar vigente em julho de 2011. Tombini afirmou que a inflação de 2012 será menor que a verificada no ano passado. “Trabalhamos com o cenário de alcançar o centro da meta inflacionária, que é de 4,5%”, afirmou o presidente do BC, acrescentando que essa queda será mais acentuada no segundo semestre deste ano.
Tombini declarou ainda que a redução da estimativa de taxa de juros neutro, revelada em pesquisa do Banco Central com profissionais do mercado financeiro, indica que a percepção do mercado é de melhores condições da economia.
Analistas do mercado acreditam que a taxa de juros neutra do País – que não produz pressão inflacionária – está em 5,50%, na mediana das consultas. No levantamento anterior, feito em novembro de 2010, os especialistas viam essa taxa em 6,75 %.
A arguição do presidente do Banco Central pela CAE é regimental e realiza-se a cada três meses. A audiência pública desta terça-feira foi conduzida pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da comissão.
Além das perspectivas de crescimento do País e da curva da inflação, os senadores questionaram o presidente do BC sobre o impacto das contas públicas na estabilidade da economia, sobre a capacidade do país de resistir aos efeitos da crise internacional e sobre as medidas que poderiam ser adotadas para baratear o crédito e para assegurar um câmbio mais favorável às exportações.
Questionado sobre a solidez da boa fase vivida pelo Brasil, Tombini assegurou que o País vem adotando a combinação de políticas econômicas necessárias para garantir o crescimento num cenário de inflação sob controle, lembrando que as projeções do BC são corroboradas também pelo mercado. “Eu também partilho do seu otimismo quanto à inflação”, reconheceu o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Cyntia Campos com agências onlines