Tombini mostra exagero de alguns analistas de mercado

Tombini mostra exagero de alguns analistas de mercado

 “Tombini ressaltou que o PIB teve uma
expansão de 1,5% no segundo trimestre,
o que equivale, em termos anualizados,
a mais de 6% ao ano”

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira (24) ao participar de audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que a percepção de muitos agentes econômicos é mais pessimista do que a realidade, fria, nua e crua dos números. Tombini não usou essas palavras, mas mostrou que, enquanto na leitura dos jornais alguns analistas de mercado torcem para a economia afundar, alimentando discursos na tribuna de senadores da oposição, os números seguem numa direção contrária. Quanto ao crescimento econômico e controle da inflação, Tombini disse que a economia manterá o crescimento gradual e a inflação tende a convergir para o centro da meta, nada de diferente da apresentação feita na semana passada na Comissão Mista de Orçamento (CMO).

Tombini ressaltou que o Produto Interno Bruto (PIB) teve uma expansão de 1,5% no segundo trimestre, o que equivale, em termos anualizados, a mais de 6% ao ano. Também informou que os investimentos tiveram um aumento de 3,6% no segundo trimestre, sendo o terceiro trimestre consecutivo de expansão dos investimentos. Quanto à inflação, reiterou que a taxa está em queda. Ele reconheceu que a desvalorização do real frente ao dólar nos últimos meses é uma fonte de pressão sobre a inflação no curto prazo, mas garantiu que a adequada administração da política monetária será capaz de limitar a influência do câmbio sobre os preços.

Esta é a mesma avaliação do presidente da CAE, Lindbergh Farias (PT-RJ), que refutou as consecutivas tentativas de se vender mensagem de pessimismo no Brasil, quando os números mostram o contrário. “As previsões do mercado são de que vamos ter a menor inflação dos últimos três anos; está ocorrendo retomada do crescimento, principalmente dos investimentos, e tanto o governo quanto o BC não vão tolerar que a inflação saia da meta”, sustentou Lindbergh. (Veja o vídeo ao final da matéria)

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Lindbergh Farias refutou o
pessimismo em relação à
economia brasileira

Ao responder uma pergunta do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), sobre massa salarial e a evolução do rendimento real, Tombini observou que o crescimento da massa salarial real foi de 4,3% nos últimos doze meses. Ele reconheceu que esse percentual já foi maior, mas demonstra, por sua vez, a evolução robusta do emprego e do mercado de trabalho.

Sobre a estrutura do sistema financeiro nacional, Tombini afirmou que há um balanceamento no Brasil entre os bancos públicos e privados, entre as instituições brasileiras e internacionais que atuam por aqui. São 495 instituições financeiras, sem contar as cooperativas de crédito (1.195) – que passaram por um período de consolidação, com aumento de associados e manutenção do número de cooperativas.

Em relação ao grau de concentração bancária, o presidente do BC explicou que as quatro maiores instituições financeiras do País detém 55,58% dos ativos totais do sistema. “Como discuti no debate da semana passada, independente do nível de concentração, o importante é que a concorrência se dá na redução dos custos. O nível de competição é grande onde o correntista pode mudar de banco. E nossa agenda é promover uma melhora contínua da portabilidade”, enfatizou.

Em relação à iniciativa lançada pelo BC em agosto, no dia 22, para diminuir as oscilações do mercado de câmbio, Tombini disse ser justo fazer um balanço positivo da medida, que consiste no leilão de troca de moedas (swap) para garantir liquidez às empresas que têm compromissos a pagar em dólares no exterior. “Não só o BC que atuou. O Tesouro também contribuiu para tirar o estresse do mercado financeiro. O Tesouro empreendeu algumas ações para garantir a saída de dólares, mas tinham mais interessados em entrar do que sair”, disse. Segundo ele, a medida deu tão certo que atualmente o mercado de câmbio está mais calmo e o real não está sofrendo depreciação.

Ao responder ao senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), sobre inflação, Tombini afirmou que o BC vem comunicando de forma clara desde janeiro e fevereiro a necessidade de trazer inflação para baixo. “E temos sucesso, nosso objetivo é a meta de 4,5%. Não existe outro objetivo para o BC. Nossa postura de enfrentamento continuará sendo esta”.

Quanto ao déficit em conta corrente, Tombini disse que, neste momento, o investimento estrangeiro direto está cobrindo 80% dessa conta, o que corresponde de 3% a 3,5% do PIB. “É natural que nesse período o Brasil esteja absorvendo poupança externa. Com a recuperação mais forte das exportações, tudo indica um sentido maleável e hoje trabalhamos com 80% do financiamento com investimento estrangeiro direto”,

O presidente da CAE, senador Lindbergh Farias (PT-SP) aproveitou a audiência para anunciar que no dia 15 de outubro a comissão fará a primeira audiência pública para discutir um projeto relatado pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ) que pretende atualizar as leis que regem o sistema financeiro nacional. Serão ouvidos representantes do BC, do Ministério da Fazenda e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) fez um pedido a Lindbergh para que as representações das cooperativas de crédito participem dos debates. Sobre a apresentação de Tombini, Lindbergh elogiou a condução da política monetária por Tombini. “Ele não tem dito que as coisas estão bem. Ele tem feito uma avaliação da conjuntura muito pé no chão. Não tem visões ufanistas e é isso que tem dado credibilidade na condução da política monetária”, disse Lindbergh.

Marcello Antunes, com informações da Agência Senado

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