O desemprego, a inflação e os juros em dois dígitos de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes derrubaram o movimento no comércio pelo segundo mês consecutivo. Endividados, os consumidores evitam as compras ao máximo. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (10), registrou em junho contração de 1,4% nas vendas, na comparação com maio.
Essa é a maior queda mensal desde dezembro do ano passado (-2,9%). Os números levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) superaram a expectativa medida em pesquisa da agência Reuters, de recuo de 1,0%. Levantamento do Valor Data estimava queda de 1,2%, segundo mediana de 30 estimativas de instituições financeiras e consultorias.
É o segundo resultado seguido no campo negativo, uma vez que o resultado de maio foi revisado pelo IBGE de alta de 0,1% para queda de 0,4%. Com isso, no bimestre maio-junho, a perda acumulada é de 0,8% na comparação com o bimestre anterior. Na comparação com junho de 2021, as vendas recuaram 0,3%, resultado também pior do que a expectativa de estabilidade das sondagens.
No fechamento do primeiro semestre, o varejo acumulou alta de 1,4%, após queda de 3,0% no segundo semestre do ano passado. Mas nos últimos 12 meses a perda é de 0,9%, indicando o desaquecimento das vendas do varejo, agora 4,6% abaixo da melhor marca histórica, registrada em outubro de 2020. Nesse último indicador, também é o segundo mês consecutivo no campo negativo, o que não ocorria desde agosto de 2017.
A retração na comparação com maio foi disseminada por sete das oito atividades investigadas pela pesquisa. Duas delas tiveram maior influência sobre o índice geral do varejo: tecidos, vestuário e calçados, com queda de 5,4%, e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, segmento que recuou 0,5% no período.