Jorge Viana criticou manobra que impediu realização de duas sessões do Congresso nesta semanaA defesa da ruptura da ordem Constitucional que vem sendo propagandeada por parlamentares da oposição — defensores do impeachment da presidenta Dilma — é o triste coroamento de uma semana especialmente ruim para a política e para o parlamento, alerta o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), que em pronunciamento ao plenário nesta quinta-feira (8) criticou duramente a manobra que impediu a realização de duas sessões do Congresso Nacional convocadas para terça e quarta-feira, com o objetivo de apreciar vetos presidenciais a uma série de matérias.
“Não conseguimos reunir o Congresso porque houve uma ação deliberada e escondida”, acusou Viana, para quem não importa quem tenha sido o “capitão” da manobra—atribuída, a depender da versão ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ou a líderes partidários. O fundamental, ressaltou o senador, é que o Legislativo deixou de deliberar sobre questões centrais para o Brasil. A confiança da sociedade brasileira precisa ser reconquistada e, para isso, é necessário que o Congresso delibere sobre questões de interesse dos brasileiros. “Os fatos desta semana diminuíram ainda mais o já reduzido prestígio que nós temos perante a sociedade”, lamentou.
Desde a semana passada, o Congresso tenta se reunir para apreciar os vetos da presidenta Dilma Rousseff a itens das chamadas “pautas-bomba” – matérias que podem gerar despesas bilionárias aos cofres públicos. Esta semana, foram, duas convocações frustradas. Na quarta-feira, o quórum foi alcançado no Senado, mas não na Câmara dos Deputados. “O Senado cumpriu seu papel. Na Câmara, porém, alguma coisa estranha ocorreu”, afirmou Viana. Negar quórum a uma sessão legislativa, lembrou o senador, faz parte dos recursos da disputa parlamentar, mas a questão tem que ser posta à luz do dia.
Mas não é isso que está acontecendo, ressalta o senador. Na quarta-feira, 20 minutos após a queda da sessão do Congresso por falta de quórum na Câmara, cerca de 180 deputados apresentaram-se em plenário para os trabalhos normais daquela Casa. “Apareceram, como se obra do acaso ou do além e, imediatamente, a Câmara tinha mais de 400 para deliberar”, criticou Viana. Ele ironizou, também a celebração feita pela grande imprensa em torno do fato, festejando a “derrota do governo”. “Isso é querer enganar a tudo e a todos porque, se [os ausentes] fossem da base do governo, não teriam faltado”.
Para Viana, toda essa movimentação subterrânea só serve para apequenar a atividade política. “Sem menosprezar os problemas econômicos vividos pelo País, não tenho dúvida de que os problemas econômicos têm uma forte vinculação à crise política”, alertou o senador, que prega uma concertação mínima que permita trabalhar na superação da crise econômica.
“Eu pergunto e as pessoas devem estar-se perguntando: Por que essa eleição de 2014 não tem fim? Isso faz mal à democracia”, protestou. “Lamento que setores da oposição trabalhem para tentar atingir o governo, mas acertam a população brasileira. Atiram no PT e acertam o cidadão brasileiro. Isso é inaceitável”. O senador desafiou o bloco do “quanto pior, melhor”: se esse grupo tem propostas, que apresente e venha para o debate. “Só não vale querer um terceiro turno. Isso a Constituição não prevê”.
Cyntia Campos
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