Viana: parte da mídia ocupa vazio deixado pela oposição

“É inaceitável assistir às manobras, sabotagem e abuso de poder que todos nós ajudamos a construir que é a liberdade da democracia”.

Na semana passada, o senador petista Jorge Viana (PT-AC) incomodou ao afirmar que um grupo minoritário quer definir os rumos do julgamento da AP 470 – mensalão – e ainda comprometer a história de sucesso do ex-presidente Lula. E, nesta quarta-feira (26/09), o parlamentar petista voltou à carga ao condenar os “dois pesos e duas medidas” utilizados por parte da mídia na cobertura jornalística. “É inaceitável assistir passivamente às manobras, a sabotagem e o abuso de poder que todos nós ajudamos a construir que é o poder da liberdade da democracia. Mas alguns setores da imprensa, às vésperas das eleições, tentam manipular, interferir, interceder num julgamento da mais alta corte do País”, disse ele. Viana reafirmou que setores da elite brasileira nunca aceitaram que o Brasil fosse governado por uma figura como Lula e ficaram mais revoltados quando ele fez sucesso, dividindo o Brasil antes e depois de seu governo.

Viana citou o senador Roberto Requião (PMDB-PR) que, no dia anterior, ao discursar sobre a postura de parte da mídia que conduz o pensamento da elite, lembrou que a oposição não perdoa e jamais desculpará a ascensão do ex-pau-de-arara ao posto mais alto da nação. “Aceitaria o metalúrgico, mas a oposição que agrega os partidos da minoria, o que mais pesa é a postura significante da mídia, ou parte dela, aquele seleto grupo de dez jornais, revistas e televisões que consomem 80% das verbas estatais de propaganda, que assumiram o papel da oposição, porque a oposição mesmo está fragilizada e não tem projeto”, disse o senador.

Para Viana, se uma comparação for feita sobre os avanços obtidos pelos dois mandatos de Lula e os dois de Fernando Henrique Cardoso, não restará qualquer dúvida de que o Brasil subiu para um patamar mais elevado, conforme demonstrou em números o senador Requião.  Mas a contaminação política por causa das eleições, insuflada por parte da mídia, resulta em um profundo desrespeito ao próprio Supremo Tribunal Federal (STF). “Após lamentavelmente desgastar o Poder Legislativo perante a opinião pública, a onda de agora, para uns, é endeusar ministros do Supremo. E, ontem, aqui no Senado, a oposição tratou com desrespeito o futuro ministro Teori Zavascki”, pontuou. Viana se referia à postura de parte da imprensa que tenta estabelecer a composição do STF, o calendário de julgamento e até mesmo o conteúdo dos votos dos ministros.

Na avaliação do senador, a judicialização que se pretende instalar por conta do julgamento do mensalão coloca o País numa situação delicada, onde se atribui ao PT todos os problemas ocorridos. “É uma incrível coincidência mostrar dois pesos e duas medidas ao que parece caixa dois, financiamento ilegal, arranjo fora da lei, o que condeno, mas até hoje não consegui identificar compra de voto”, disse ele. Para Viana, o problema que o Brasil conhece agora foi implantado regionalmente pelo PSDB e pelo PFL, em Minas Gerais, em um esquema profissional onde até conseguiram tirar o caso do Supremo. “Apagaram os nomes que tinham assinado o financiamento porque eram ligados ao governo FHC, mas certamente vamos ter o julgamento do original e não da cópia. Gostaria que Marcos Valério falasse como começou a operar, não sobre a versão falsa, mas a original”, enfatizou.

Marcello Antunes

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