Democracia

Votação de dosimetria é risco para a democracia, alertam senadores petistas

Câmara votou projeto que reduz penas na tentativa de golpe de estado. Senadores também manifestaram solidariedade ao deputado Glauber Braga

Alessandro Dantas

Votação de dosimetria é risco para a democracia, alertam senadores petistas

Rogério Carvalho disse que votação de dosimetria é manobra a favor da extrema-direita.

A Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quarta-feira (10/12) o projeto que diminui as penas dos golpistas do 8 de janeiro. O texto ainda será votado pelo Senado. Como salientou o senador Fabiano Contarato (PT-ES), a tentativa de golpe é um crime que não pode ser relativizado, sob pena de se criar um grave precedente que fragiliza a democracia. “Quando o Legislativo alivia a mão para quem atacou a democracia, não está legislando: está flertando com a impunidade. Não se relativiza golpe. É crime contra o Brasil”, afirmou.

A rapidez na votação do projeto que beneficia os golpistas provocou forte reação dos senadores petistas ainda na terça-feira (9/12) em Plenário, quando foi anunciada a tramitação acelerada da proposta. “Nós não estamos tratando de qualquer coisa. Nós estamos tratando de uma regra que mexe com a vida do povo brasileiro. Infelizmente, as pessoas usam de interesses muito particulares e momentâneos para tentar redefinir o modo de funcionamento de um país, de uma sociedade, de forma casuística”, alertou o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE).

Rogério relacionou a votação do projeto aos interesses eleitorais da direita. “Pautam uma redução de pena que beneficia diretamente aqueles que atentaram contra a democracia. Isso é extremamente grave. Para atender ao interesse de um determinado campo político vale qualquer coisa, inclusive tentar submeter esta instituição ao vexame de ter que votar uma matéria desta complexidade, da noite para o dia, sem ter um debate institucional apropriado”, explicou.

O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que os acontecimentos mostram que Hugo Motta está ao lado da direita radical. “A Câmara dos Deputados, presidida por Hugo Motta, aprovou, no silêncio da madrugada, o projeto de lei que reduz pena de golpistas. Ele foi autorizado, de dentro da cadeia, por Jair Bolsonaro, líder de organização criminosa armada. Um ataque à nossa democracia”.

Glauber

No mesmo contexto de violências institucionais, o presidente da Câmara anunciou que colocará em votação projeto de cassação contra o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), num claro aceno à extrema-direita. O protesto do parlamentar foi reprimido com violência pela Polícia da Câmara. Glauber Braga recebeu solidariedade dos senadores do PT.

“Não é aceitável qualquer violência no ambiente parlamentar. Seu caso não tem qualquer medida de comparação com o de outros deputados. Glauber reagiu a uma provocação em seu ambiente de trabalho. Um deputado [Eduardo Bolsonaro] está há quase 160 dias sem trabalhar, conspirando contra o Brasil em território estrangeiro”, afirmou o líder do Governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, lembrando também o caso da ainda deputada Carla Zambelli condenada e presa na Itália por falsidade ideológica e organização criminosa.

Na mesma linha, se manifestou a senadora Teresa Leitão (PT-PE). “Cenas deploráveis de violência na Câmara dos Deputados, protagonizadas pela Polícia Legislativa contra parlamentares e imprensa. Tudo, é claro, com a autorização do presidente da Casa. O mesmo que permitiu que bolsonaristas ocupassem sua própria cadeira por 36 horas”, disse.

Não bastasse a violência contra o deputado psolista, o presidente da Câmara, Hugo Motta, determinou a suspensão da transmissão diretamente do Plenário da casa. “Os fatos ocorridos na Câmara dos Deputados são preocupantes. Usar violência policial contra um deputado e contra a imprensa é a cara de um sistema que não tolera a democracia. Estamos vigilantes aqui no Senado! Sou contra a revisão de penas de quem liderou o golpe. Não passarão”, enfatizou a senadora Augusta Brito (PT-CE).

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