Wellington Dias lamenta falta de médicos no interior do País

No País, há 1,8 médico para cada mil pessoas. Na Alemanha, 3,6; na França, 3,5; e em Cuba, 6,4.

Wellington Dias lamenta falta de médicos no interior do País

“A prioridade é o médico brasileiro. Mas o que
fazer nos lugares em que o brasileiro não quer ir?”

Em discurso no Plenário nesta terça-feira (14), o líder do PT e do Bloco de Apoio ao Governo, senador Wellington Dias (PT-PI), lamentou a falta de médicos nas cidades do interior do País. Ele elogiou a iniciativa do Governo Federal de contratar médicos estrangeiros para atuar nas áreas mais remotas e carentes do Brasil e parabenizou a presidente Dilma Rousseff. Aproveitou, ainda, para criticar o preconceito contra profissionais de outros países. Segundo o senador, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) também manifestou apoio a essa medida durante visita ao Senado e ao Ministério da Saúde.

Wellington Dias lembrou que, no Brasil, a relação médico/paciente é muito inferior à média de outros países. “Quando a gente analisa a média de médicos por mil habitantes, vemos que aqui há 1,8 médico para cada mil habitantes. Nos Estados Unidos da América, esse índice é de 2,4; no Reino Unido, 2,7; na Alemanha, 3,6; na França, 3,5; em Cuba, 6,4; em Portugal, 3,9”, enumerou

Para o senador, os cursos de medicina precisam ser descentralizados, pois há a necessidade de médicos especialistas e generalistas além das grandes cidades. O senador disse que, sem médicos, aumenta a incidência de mortalidade infantil e no parto. Ele acrescentou que, mesmo com condições técnicas, muitas cidades pequenas ainda padecem com a falta de médicos. “A prioridade é o médico brasileiro. Mas o que fazer nos lugares em que o brasileiro não quer ir?”, questionou o senador, lembrando que foi senador e pode testemunhar sobre o que se passava no Piauí.

“O que estamos defendendo é que se abra a oportunidade. Prioridade: médicos brasileiros. Se há lugares que não são atendidos, abre-se essa possibilidade. Que se deem condições para quem quer trabalhar naqueles Municípios! É disso que se trata!.”

Padilha

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O Brasil estuda modelos aplicados nos EUA,
Inglaterra, Austrália e Canadá. Segundo
Padilha, 37% dos médicos na Inglaterra são
estrangeiros. Nos EUA, o índice é de 25% e,
no Canadá, 22%

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, voltou a defender a decisão do Governo de trazer médicos estrangeiros ao País e disse que o modelo ideal a ser adotado para a contratação de profissionais. Padilha reuniu-se com a direção da Frente Nacional dos Prefeitos, que defende com veemência a vinda destes profissionais de outros países.

O ministro afirmou que, até agora, há apenas duas certezas em relação a esse programa, que ainda não tem data para entrar em vigor: não haverá validação automática dos diplomas dos estrangeiros e, por isso, todos os médicos que desejarem vir para o Brasil passarão por exames e provas; e o governo brasileiro não vai estimular, e nem aceitar, profissionais de nacionalidades onde a relação médico/população for pior que a brasileira, que é de 1,7 médico para cada mil habitantes. ‘Não se faz saúde sem médicos’, diz Padilha ao defender contratação de estrangeiros

Segundo o ministro, a prioridade é trazer médicos de Portugal e Espanha, que tem bons profissionais e são países que vivem crise econômica. Padilha disse que o Brasil estuda modelos de contratação de médicos aplicados nos Estados Unidos, Inglaterra, Austrália e Canadá. Segundo ele, 37% dos médicos que atuam na Inglaterra são estrangeiros. Nos Estados Unidos, esse índice é de 25% e, no Canadá, 22%. “O País vive um momento crítico na falta de médicos. Tentou se cristalizar a ideia de que há médico suficiente e que o problema é distribuição no país. Mas esses números não se sustentam. Temos menos de dois médicos por cada grupo de mil habitantes. Não gostamos de perder para a Argentina, mas a relação lá é de 3,2 médicos para cada mil habitantes. Espanha e Portugal têm mais de 4. Cuba tem 6,3. Faltam médicos em nosso País”, disse.

O ministro afirmou que nos países que “importam” médicos estrangeiros há duas políticas: de contratar especialistas de alta complexidade para atuar também em UTIs e fazer cirurgias e para atuar na atenção básica em locais mais remotos e pobres do país. “Contratação de médicos estrangeiros não pode ser um tabu. A demanda dos prefeitos é de contratação de nove mil médicos. Não vou ficar assistindo e vendo essa pressão dos prefeitos sendo que há médicos em Portugal e Espanha formados e sem trabalho. São países que passam por uma profunda crise econômica e estão com médicos desempregados”.

Padilha afirmou ser a prioridade formar mão de obra própria. Uma as iniciativas para estimular formação de mais médicos é abertura de cursos nas periferias das grandes cidades e no interior, onde há ausência de profissionais. “Precisamos incluir cada vez mais nos cursos de medicina filhos de trabalhadores, filhos da população mais pobre. Gente da região rural. Isso que vai facilitar fixação (de médicos) nesses lugares. Quando me formei, havia apenas duas negras na turma de 90 alunos. É preciso incluir cada vez mais”, disse Padilha.

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