O senador Wellington Dias (PI), líder do PT e do Bloco de Apoio ao Governo no Senado, participou, na tarde desta quarta-feira (13/02), na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, do lançamento oficial da Campanha da Fraternidade de 2013, cujo tema deste ano é “Fraternidade e Juventude”. Único senador presente ao evento, Wellington que já militou na juventude católica operária, destacou a importância de o Congresso olhar com atenção para os mais de 50 milhões de jovens que representam um quarto da sociedade brasileira e defendeu a aprovação do Estatuto da Juventude que tramita há nove anos no Parlamento. “O jovem não é o futuro, é o presente da nação”, disse o líder ao site do PT no Senado.
Wellington Dias afirmou ainda que o governo da presidenta Dilma Rousseff é um parceiro tradicional das campanhas da fraternidade realizadas há cinquenta anos pela CNBB. E para este ano, especificamente, a presidenta Dilma apoiou de pronto a realização da Jornada Mundial da Juventude no Brasil. Agendada para acontecer em julho deste ano, no Rio de Janeiro, o evento deverá receber entre 2,5 e 3 milhões de jovens de todo o planeta. O governo irá facilitar, por exemplo, a emissão de vistos de entrada dos jovens que virão ao País.
“O governo irá trabalhar temas e parcerias como a Campanha da Fraternidade deste ano, cujo enfoque é a Juventude, assim como foi parceiro em 2012 na campanha da fraternidade onde o tema era a saúde”, afirmou Wellington, observando que as políticas públicas do governo têm contribuído para incluir os jovens.
Pouco antes do início da solenidade, os repórteres questionaram o líder sobre a posição do governo brasileiro em relação à renúncia do Papa Bento XVI anunciada na última segunda-feira (11/02). Sem assunto melhor ou dado concreto, os representantes da mídia dominante insistiram com a versão de que a presidenta Dilma deveria ter se manifestado publicamente sobre o assunto, assim que a renúncia foi anunciada. Sem comentário da presidenta, a invenção foi de que havia “mal estar” entre o governo e a CNBB. Nada mais falso. Convencidos, porém, do que haviam criado os representantes da mídia, questionaram a presença do líder do PT, especulando sua presença como “uma aproximação do governo com a CNBB”.
A criação da indústria de mídia revela, sobretudo, ignorância sobre a história do PT. O estatuto do partido manifesta seu respeito por todos os credos no artigo 14, dos “Deveres do filiado”, onde se lê que é obrigação de todo petista combater a discriminação religiosa. Mais ainda: desde a fundação do partido, nos anos de chumbo da ditadura, os líderes sindicais que fundaram o partido contaram com o apoio das mais altas autoridades da Igreja Católica no Brasil – sem contar, ainda, o histórico apoio que a criação do partido recebeu das comunidades eclesiais de base.
Prova mais recente do respeito que o PT tem pelas religiões e credos foi que o governo petista da presidenta Dilma Rousseff instituiu o Comitê Nacional de Diálogo da Diversidade Religiosa, com o objetivo de promover contatos entre as todas as religiões. O Comitê irá auxiliar na elaboração de políticas de afirmação do direito à liberdade religiosa, além de articular lideranças, e a criação de uma rede brasileira de defesa e promoção da liberdade e da diversidade religiosa.
A presidenta Dilma, portanto, trabalha com todas as religiões como manda a nossa Constituição, assegurando a sua independência. “A presidenta, através do ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, e do ministro Gilberto Carvalho expôs sua posição”, procurou esclarecer o líder do PT. “O governo e todos nós esperamos que o Papa Bento XVI possa continuar ajudando em várias causas, e esperamos que Deus ilumine a todos os cardeais para que tenhamos uma escolha à altura dos desafios de uma religião importante como é a católica para o mundo e para o Brasil”, disse ele.
Durante a coletiva de imprensa, o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, foi questionado sobre qual seria a preferência para o sucessor de Bento XVI. Ele afirmou que seu desejo pessoal é que seja escolhido um bom papa, que tenha comunicação, aberto para situações novas vivenciadas hoje, que consiga dizer sobre a importância do meio ambiente, da situação migratória, da questão da pobreza e da busca por uma nova economia mundial já que o atual modelo chegou à sua exaustão. “Precisamos de um papa que reflita sobre tudo isso”, disse Steiner. “Se ele é da América Latina, da África, da Europa ou da Ásia, se ele nos ajudar nisso exercerá um grande trabalho, mas não se descarta a possibilidade de um bispo de outra região que não seja a europeia”, acrescentou.
Maioridade Penal
resente na solenidade, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado Coelho disse que a entidade será parceira da CNBB na campanha da Fraternidade e Juventude, por entender que os jovens precisam ter sua presença na sociedade reconhecida. Os desafios, segundo ele, são grandes. A aprovação do Estatuto da Juventude e do Plano Nacional da Juventude serão uma das bandeiras de seu mandato na OAB que acaba de começar.
“Ainda existem muitos jovens fora da universidade. Há tráfico de mulheres e é uma preocupação de todos a presença dos jovens no sistema carcerário. Temos que olhar o sistema prisional porque o jovem preso não é ressocializado. É como uma fábrica de novos delinquentes”, disse ele.
Marcus Vinicius disse que a OAB fez questão de estar presente no lançamento da campanha da Fraternidade e conclamou a sociedade brasileira para, junto da CNBB, reeditar a campanha da Ficha Limpa e levar para as ruas o pleito de realização de uma reforma política que defina o financiamento público de campanha e, inclusive, maior participação da juventude na política.
Marcello Antunes
Veja o comentário do senador Wellington Dias sobre a Campanha da Fraternidade