Liberar o consumo de bebida alcoólica nos estádios durante a Copa 2014 é “uma incoerência” e o Senado deve ter coragem de enfrentar essa proposta. A opinião é do senador Wellington Dias (PT-PI), que em 2011 presidiu a Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e outras drogas (CASDEP). “O Brasil reconhece o álcool como uma droga. Mantê-la banida dos estádios é medida de segurança e de saúde”, afirmou.
Wellington participou na manhã desta quarta-feira (02/05) da audiência pública da Comissão de Educação (CE) que discutiu a segurança nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e para a Copa das Confederações, no ano que vem. O senador piauiense reiterou sua oposição à liberação da venda de bebidas alcoólicas durante o Mundial que será realizado no Brasil.
Ele lembrou que o Brasil é signatário de uma resolução da Organização das Nações Unidas que reconhece a bebida alcoólica como droga e que governo já regulamentou essa questão e acaba de lançar um programa para reduzir e prevenir a dependência química. Destacou, ainda, que o Congresso Nacional discute um pacote de medidas — com previsão de remanejamento de recursos do Orçamento — para tratar pessoas que já foram atingidas pelo álcool, crack e outras drogas. “Não é coerente com esses esforços liberar a bebida nos estádios”.
Em entrevista ao site da Liderança do PT no Senado, o senador Wellington Dias destacou que a Casa precisa ter “coragem” para resolver a questão da venda de bebidas durante a Copa. “Num evento tão importante para o mundo, principalmente para o Brasil, nós termos falta de coragem, desde o primeiro momento, de deixar claro que no Brasil a bebida alcoólica é droga e, por essa razão, não pode ser vendida nos estádios. No Senado, temos de ter a coragem de resolver essa questão tratando a bebida alcoólica como o que ela é, uma droga”, defendeu.
Para Wellington, é possível que o Brasil realize uma Copa do Mundo sem maiores problemas, sem a obrigação de fornecer álcool aos torcedores nos estádios por conta do contrato de patrocínio mantido pela FIFA com uma cervejaria.
“Temos condição de fazer um belo espetáculo e evitar o casamento de algo que é muito importante e precioso para o povo brasileiro, como o futebol, com as drogas. Isso não tem cabimento! O Brasil e o mundo têm outras empresas, não apenas as que vendem bebidas, que podem patrocinar e viabilizar o evento”, destacou o senador.
Experiências anteriores
Wellington defende que o Brasil não siga o exemplo de países—como a Alemanha e a África do Sul—que liberaram a venda de bebidas alcoólicas em edições anteriores da Copa do Mundo. “Espero que tenhamos maioria para derrubar a liberação”.
Durante a audiência da CE, o presidente da Comissão Nacional de Prevenção e Combate à Violência nos Estádios, procurador de Justiça de Minas Gerais, José Antonio Baeta de Melo Cançado, criticou a solução encontrada pela Câmara dos Deputados, de delegar a decisão sobre a venda de bebidas alcoólicas aos estados onde serão realizados os jogos do Mundial.
“Foi muito ruim transferir as responsabilidades para cada estado.
Rafael Noronha e Giselle Chassot, com informações da Agência Senado
Ouça entrevista do senador Wellington Dias
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