Há exatos seis anos, em 31 de agosto de 2016, o Congresso Nacional concluiu o processo que levou ao afastamento definitivo da então presidenta eleita para governar o Brasil até o final de dezembro de 2018, Dilma Rousseff.
De lá para cá, assim como Dilma alertou antes de deixar o Palácio do Planalto, o projeto nacional inclusivo e progressista foi interrompido “para capturar as instituições do Estado e colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social”.
Para além do retrocesso social e econômico apontado nos mais diversos indicadores e sentido no cotidiano dos brasileiros e brasileiras, a corrosão da democracia brasileira surge como um grave resultado da decisão de interromper um mandato concedido pelo povo.
Não por acaso, o Brasil tem hoje na Presidência da República uma figura que vive de ameaçar o país com a ruptura do Estado Democrático de Direito.
“Só o que vimos no Brasil nos últimos anos foram retrocessos que nos levaram de volta ao Mapa da Fome, além da eleição de um presidente que não se importa com a vida do povo. Dilma, uma mulher honrada e honesta, acabou pagando o preço dos interesses de poderosos incomodados com os pobres tendo voz e vez neste país”, apontou o senador Paulo Rocha (PA), líder da bancada do PT.
De 2016 para cá, o Brasil voltou para o Mapa da Fome da ONU com cerca de 33 milhões de pessoas sem ter o que comer, de acordo com dados da Rede Penssan.
Uma série de medidas adotadas desde o governo Temer, e aprofundadas por Bolsonaro, retiraram direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Aqueles que ainda estão empregados não sabem mais o que é ter ganho real no salário-mínimo, já que Bolsonaro descontinuou a lógica adotada pelo PT de corrigir anualmente os salários acima da inflação.
A economia também é uma área que vem castigando os brasileiros e brasileiras desde o golpe. A inflação teima em ficar no patamar dos dois dígitos, punindo, principalmente, os mais pobres com a perda do poder de compra e o alto preço dos alimentos, por exemplo.
A inflação acumulada nos últimos 12 meses, de julho do ano passado até julho deste ano, está em 10,07%. Hoje, o Brasil tem cerca de 40 milhões de pessoas trabalhando na informalidade e outras 10 milhões desempregadas.
Até mesmo o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) tem sofrido com um desmonte sem precedentes. O que passa pelo fim do Ministério do Trabalho e Previdência. O resultado é uma fila com mais de um milhão de pessoas aguardando pagamento de benefícios previdenciários.
“O projeto de desmonte do INSS continua. Mais de 1,2 milhão de pessoas estão na fila esperando pagamento de benefício. São idosos, pensionistas, pessoas com deficiência, pobres, entre outros. É muito descaso, omissão. Estamos tratando de vidas. O governo federal é o responsável”, criticou o senador Paulo Paim (PT-RS).
O Brasil que surgiu após seis anos do impeachment articulado contra Dilma mostra que ela estava correta ao afirmar que o golpe não estava sendo dado apenas contra o seu governo.
“O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática. O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido. O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência”, disse Dilma, em tom profético, há exatos seis anos, em 31 de agosto de 2016.