#EuParo

No Senado e nas ruas, mulheres em defesa de seus direitos

“É uma vergonha sermos 52,2% da população apta a votar e termos um espaço tão reduzido de representação política, advertiu a senadora Fátima Bezerra (PT-RN)
No Senado e nas ruas, mulheres em defesa de seus direitos

Foto: Alessandro Dantas

“Eu paro contra a violência contra a mulher, eu paro contra o feminicídio, eu paro contra a reforma da Previdência, eu paro contra o machismo, eu paro contra tudo o que representa desleixo com a mulher brasileira”, disse a senadora Ângela Portela (PT-RR), durante ato na entrada do Senado Federal, que reuniu pela manhã senadoras, servidoras e lideranças sociais.

A manifestação deu início à mobilização que se estendeu durante todo o dia, culminando com uma grande caminhada pela Esplanada dos Ministérios no final da tarde. Sob o lema de “Nenhum direito a menos #Eu paro”, o evento se somou a outros 60 países e 20 estados do Brasil em que as mulheres se organizaram para fazer um dia de greve no Dia Internacional da Mulher.

No início da tarde, em continuidade às manifestações e protestos realizados no início da manhã, o plenário do Senado recebeu a cerimônia de entrega da comenda Bertha Lutz, mulheres que tenham oferecido relevante contribuição na defesa dos direitos da mulher e questões do gênero no Brasil.

A líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PT-PR) coordenou um apitaço por volta das 12h30 para juntar o movimento do Senado as manifestações internacionais. Para ela, o 8 de março deste ano se difere para que as mulheres fiquem atentas a pautas de lutas especificas no momento em que o País passa por um momento de retrocessos.

Foto: Alessandro Dantas

“O que está em jogo hoje são os direitos conquistados pelas mulheres na Constituição de 1988. E o movimento é de luta específica pelos direitos das mulheres, sociais e trabalhistas. Vivemos uma sociedade sexista, racista, xenófoba e transfóbica e que estão articulados para retirar direitos e aumentar a violência na sociedade”, afirmou Gleisi.

Fátima Bezerra (PT-RN) lembrou esse ser o primeiro Dia Internacional da Mulher após o golpe parlamentar que “ironicamente, retirou do poder a primeira mulher eleita presidenta deste País”. Além disso, mesmo no Século XXI, as mulheres não conseguem ampliar sua participação nos espaços de poder.

“É uma vergonha sermos 52,2% da população apta a votar e termos um espaço tão reduzido de representação política. Chegamos na segunda metade do século XXI com a mais completa invisibilidade. O que não faltam nessa Casa são projetos para ampliar a participação política das mulheres. Mas elas não avançam porque esse Parlamento tem a cara do conservadorismo e do machismo”, denunciou.

A senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), procuradora da Mulher no Senado, afirmou que todos os brasileiros devem se envergonhar de achar normal um parlamento que tem apenas 10% das mulheres em suas cadeiras.

Foto: Alessandro Dantas

“Convivemos como se fosse normal com um Parlamento em que só 10% das cadeiras são ocupadas por mulheres. E isso não é normal. Nós há muito tempo estamos falando. Eles não estão ouvindo, então nós vamos começar a gritar e a apitar”, disse.

“O dia 8 de março é o único dia que é verdadeiramente nosso”, enfatizou a senadora Regina Sousa (PT-PI). Para ela, é necessário que as mulheres ocupem espaços e deem voz a condição das mulheres e aquilo que desejam conquistar.

“A pauta não deveria ser feminina. Teria de ser de homens e mulheres. Todos dizem que defendem a igualdade, mas na hora de demonstrar é que percebemos. A Mesa Diretora do Senado não tem nenhuma mulher, dos 18 partidos temos apenas duas líderes no Senado. Por isso temos de aproveitar esse dia para impor nossa pauta”, disse.

Ainda durante a sessão solene, a senadora Katia Abreu (PMDB-TO) prestou solidariedade à deputada Maria do Rosário (PT-RS). A parlamentar, ex-ministra dos direitos humanos no governo Dilma Rousseff, tem sido vítima de grupos de extrema direita que publicaram nas redes sociais fotos de sua filha de 16 anos.

“O caso de Maria do Rosário é um exemplo claro do que as mulheres passam pelo Brasil afora. Isso é porque se trata de uma deputada federal. Imagine o que passam as mulheres anônimas que não tem ninguém para defende-las. No ano passado também fui vítima de gracejos desagradáveis e ofensivos de um político do estado de São Paulo. Temos que dar um basta nisso tudo”, advertiu.

Conheça as agraciadas do prêmio Bertha Lutz – 2017

MULTIMÍDIA

Senadoras falam durante a entrega do diploma Bertha Lutz, no primeiro 8 de março após o golpe contra Dilma

Reprodução autorizada mediante citação do site PT no Senado

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