Redes sociais

Democracia em alerta: senadores criticam mudança anunciada pela plataforma Meta

Para senadores do PT, anúncio de encerramento de serviços de checagem de informação representa um grave retrocesso no combate às fake news

Agência Brasil

Democracia em alerta: senadores criticam mudança anunciada pela plataforma Meta

Senadores do PT mostram preocupação com afrouxamento na checagem de informações anunciada pela Meta

O anúncio feito pela plataforma Meta, dona do Instagram e do Facebook, de encerramento do programa de verificação de fatos foi duramente criticada pelos senadores do PT. Na avaliação dos parlamentares, a atitude fortalece a veiculação de notícias falsas por meio das redes sociais.

O anúncio feito pelo presidente-executivo da empresa, Mark Zuckerberg, na última terça-feira (7/1) aponta que a empresa adotará, inicialmente nos Estados Unidos, as “notas de comunidade”, em que os próprios usuários fazem correções — recurso similar ao implementado pelo X (antigo Twitter).

Para o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), a mudança representa um grave retrocesso no combate às fake news, já que as mentiras espalhadas pelas redes sociais são “o principal combustível de extremistas para alimentar discursos de ódio e medo, preconceitos e ofensas que não cabem na vida em sociedade”.

“Precisamos aperfeiçoar os sistemas tecnológicos para impedir o uso criminoso das redes sociais, com a identificação e punição de quem trabalha para desestabilizar economias, sociedades e países”, apontou.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) também demonstrou preocupação com o anúncio da nova política para checagem de informações nas plataformas Facebook e Instagram. Para ele, é preciso unir forças para exigir que haja uma “real e criteriosas” apuração dos fatos para que a democracia e a verdade prevaleçam nesses ambientes.

“Temos visto com extrema preocupação o anúncio da Meta sobre a retirada da verificação de fatos em suas plataformas. No atual momento em que o mundo vive, onde a desinformação já é uma ameaça constante, esse movimento pode agravar ainda mais a disseminação de fake news, comprometendo a transparência e a democracia. Precisamos unir forças em defesa da real e criteriosa apuração dos fatos e, sobretudo, da democracia para garantir que a verdade sempre prevaleça”, afirmou.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) afirmou que o afrouxamento do algoritmo e das regras de uso da plataforma representarem riscos às democracias em decorrência da facilitação do tráfego de desinformação.

“A liberdade de expressão não pode ser utilizada como escudo protetivo para a prática de crime. Se sua opinião fere, dói, machuca, mata, você não tem liberdade para expressar. E as plataformas de redes sociais têm, sim, responsabilidade a zelar”, disse.

Já a senadora Teresa Leitão (PT-PE) chamou a atenção para o fato de o anúncio feito por Mark Zuckerberg se alinhar a práticas que favorecem a extrema direita.

“O fim da checagem dos fatos contra a propagação de fake news aumenta a violência e discursos de ódio nas redes sociais, vulnerabilizando o Estado Democrático de Direito”, alertou.

Já o senador Humberto Costa (PT-PE) classificou o fim da checagem de fatos contra fake news como uma medida oportunista e favorável aos “interesses espúrios da extrema direita”, além de ser um desserviço ao Estado de Direito, que demandará atenção redobrada das instituições democráticas.

“É unânime entre especialistas que a decisão de Zuckerberg de acabar com a checagem de fatos na Meta torna as plataformas um território mais aberto à desinformação e ao cometimento de crimes. É urgente que o Brasil regule o uso das redes para evitar que essas atrocidades ocorram”, destacou.

Lula convoca reunião após anúncio da Meta

O presidente Lula convocou uma reunião nesta quinta-feira (9/1) para debater as mudanças anunciadas pela Meta. O presidente ainda criticou a falta de fiscalização sobre a utilização das redes sociais por parte dos usuários e os conteúdos propagados pelas plataformas.

“Vou fazer uma reunião hoje para discutir a questão da Meta. Eu acho que é extremamente grave as pessoas quererem que a comunicação digital não tenha a mesma responsabilidade do cara que comete um crime na imprensa escrita. É como se um cidadão pudesse ser punido porque ele faz uma coisa na vida real e não pudesse ser punido porque ele faz a mesma coisa na digital”, disse Lula.

Anúncio causa reação de autoridades

O Ministério Público Federal (MPF) anunciou o envio de um ofício à Meta para questionar se as alterações na moderação de conteúdos anunciadas pela matriz americana da empresa serão implementadas no Brasil.

A Advocacia-Geral da União (AGU) também reagiu às mudanças anunciadas pela empresa. O ministro-chefe da AGU, Jorge Messias, afirmou que o Brasil possui mecanismos legais para lidar com desinformação e que o governo não permitirá que o ambiente online se torne um espaço desregulado.

Já o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes afirmou durante discurso nessa quarta-feira (8/1) que as redes sociais só continuarão a operar no Brasil se respeitarem a legislação do país. “A nossa Justiça Eleitoral e o nosso STF, ambos já demonstraram que aqui é uma terra que tem lei. As redes sociais não são terra sem lei”, declarou.

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