Crise no Oriente Médio é reflexo das ações do mundo ocidental, diz Delcídio

 

“Uma ação de diálogo, de paz,
é urgente, porque acima de
qualquer interesse estratégico”

Ao defender o diálogo como o principal instrumento para levar a paz ao Oriente Médio, especialmente para acabar com a aguda crise política e institucional vivenciada pela Síria, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) afirmou ser preocupante os últimos acontecimentos como a morte de milhares de civis naquele país. “Uma ação de diálogo, de paz, é urgente, porque acima de qualquer interesse estratégico, o que está em jogo são as vidas das pessoas, dos nossos irmãos sírios e sírias”, disse ele.

Em discurso na tribuna do Senado nesta tarde, Delcídio comentou que os acontecimentos recentes no Oriente Médio são fruto de uma Europa Ocidental que, no pós-guerra, dividiu o Oriente Médio dentro de determinados critérios que jamais incorporaram à história daquela região a cultura das populações que ali residiam ou a história das tribos que construíram suas vidas naquelas regiões. “Hoje nós temos o reflexo de todos esses equívocos. Países que foram construídos na ponta do lápis ou na ponta das canetas, quando redividiram o mundo, misturando culturas, histórias e religiões”, afirmou.

O senador citou a fundação de Israel em 1948, fato absolutamente importante, histórico e fundamental para a humanidade, mas não se deve deixar de relavar que ocorreu o êxodo de pessoas que ali viviam, famílias de palestinos que se retiraram levando em suas malas fotografias de parentes que ficaram para trás e as chaves de suas casas, porque esperavam retornar um dia  – o filme Sob o sol do Líbano retrata bem essa situação.

Neste momento, segundo Delcídio, a Síria é um exemplo de uma vasta cultura, onde residem sunitas, onde residem xiitas. “Lamentavelmente estamos diante de uma crise em que misturamos religião e não o entendimento de uma região destacada. O Oriente Médio foi desenhado pelos vencedores da guerra, sem respeitar a história, a cultura e o berço de uma civilização que ali existia. Ao mesmo tempo, agregou-se os interesses comerciais do Ocidente, principalmente em energia, petróleo e gás”, enfatizou.

Delcídio lembrou que durante a guerra do Iraque constatou-se o extermínio de curdos pelo governo de Saddam Hussein. “O Afeganistão, de certa maneira, não fica atrás e até agora é um país que não encontrou o seu destino e vive uma realidade distorcida e sem perspectivas futuras”, disse.

Diante dessas situações delicadas que o senador entende que o momento é de repensar a realidade mundial. “Está comprovado que, com armas, não resolveremos essas questões pelas diferenças de cada país. Não é pela força das armas que nós venceremos as vozes da liberdade, as vozes democráticas e as vozes das nações que têm todo o direito à vida, à religião e ao direito à construção de um grande futuro”, salientou.

Marcello Antunes

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