Gilmar Carvalho Morais, apontado pela Polícia Federal como sócio da G&C Construções Ltda, tida pela Polícia Federal como empresa fantasma do esquema liderado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos – o Carlinhos Cachoeira – disse, nesta quarta-feira (29/08) à CPMI do Cachoeira ,que trocou uma dívida de R$ 7 mil por sua assinatura em documentos, pressionado por seu credor, Valdeir Fernandes Cardoso. Ele garantiu que não tem qualquer participação no esquema criminoso e nem conhece o contraventor.
Morais é ex-marido de Roseli Pantoja, que depôs à CPMI na semana passada e demonstrou que o CPF utilizado para abrir uma empresa em nome de Rosely Pantoja – a Alberto e Pantoja, usada como laranja pela organização criminosa – não era dela e que a filiação que constava nos registros também não era verdadeira.
Embora tenha admitido que tinha consciência de estar cometendo uma irregularidade ao endossar documentos que desconhecia e que isso “daria problema”, Gilmar Morais tentou convencer os parlamentares de que não tinha alternativa a não ser concordar com o agiota. E argumentou que, no momento em que concordou em assinar papéis para Valdeir, não tinha ideia de que isso seria utilizado para “esquentar” empresas ligadas a Cachoeira. “Eu dou total liberdade para a polícia procurar qualquer prova de que eu tenha envolvimento com o grupo do Cachoeira”, disse.
Morais afirmou acreditar que Valdeir fizesse a intermediação com a organização criminosa por meio do contador Rubmaier Ferreira de Carvalho, tido como membro do grupo. Em nome de Rubmaier constam, na Receita Federal, registros de várias empresas consideradas fantasmas no esquema de Cachoeira. Em seu depoimento à CPMI, no dia 08 de agosto, Rubmaier negou conhecer o contraventor ou alguém ligado a ele, mas admitiu que criou a empresa Brava Construções e a Veloso e Conceição. Apesar disso, negou ter feito a contabilidade das empresas citadas. Também disse que não atuou como contador da Alberto e Pantoja. Durante todo o seu depoimento, Rubmaier insistiu que alguém utilizou seu CPF para incluir seu nome como responsável contábil.
Ameaça
“Eu acho – tenho certeza- que essa pessoa a quem eu devia, Valdeir Fernandes Cardoso, foi ele que fez essa “armadura” (sic) em cima de mim”, esquivou-se. “Daí para frente, quem esse cara conhece, eu não sei. Eu quero localizar ele, quero recuperar minha família e provar que eu não fiz isso aí”, disse Gilmar Morais.
Para reforçar seus argumentos, o contador disse que recebeu um telefonema de Valdeir, mas que agora não sabe como encontrá-lo. E disse temer por sua segurança e de sua ex-esposa, Roseli Pantoja. Relatou que, na noite dessa terça-feira (28/08), Roseli entrou em contato com ele por telefone e informou que um suposto policial estava na casa do irmão dela. “Os policiais disseram que tinham que me encontrar de qualquer jeito, vivo ou morto e que ia sobrar para o meu ex-cunhado se ele não falasse. Então, preferi vir aqui”, explicou.
Cavendish
Antes de Gilmar, o ex-diretor da construtora Delta Fernando Cavendish ficou cerca de 15 minutos na sala da CPMI. Munido de um habeas corpus, Cavendish disse que ficaria em silêncio. O presidente da CPMI chegou a propor a Cavendish a realização de uma sessão secreta, mas ele o depoente recusou a oferta.
Ele é suspeito de integrar um dos braços da organização criminosa de Cachoeira e deixou o comando da construtora após a divulgação de que haveria uma ligação entre o ex-diretor da Delta na Região Centro-Oeste, Cláudio Abreu e a organização de Cachoeira.
Giselle Chassot
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