Nunca antes: Brasil capta no exterior com o menor juro da história

Ainda não se sabe se a presidenta Dilma Rousseff vai fazer algum comentário a respeito, no pronunciamento à nação que fará hoje à noite, em rede de rádio e televisão. Mas bem que poderia abordar um fato histórico. Ontem, o Tesouro Nacional encerrou uma emissão de R$ 1,25 bilhão em títulos brasileiros no exterior, para vencimento em 2023, ofertando o menor juro da história: 2,686% ao ano, o equivalente a 110 pontos básicos acima do que paga por seus títulos os Estados Unidos.

Considerada um sucesso, a menor taxa de juro decorre de vários fatores, como a solidez dos fundamentos da economia brasileira – dívida pública/PIB em queda, superávit fiscal, inflação sob controle, baixíssimo índice de desemprego, massa salarial em alta e a inclusão social combinada com a erradicação da miséria. Uma verdadeira herança bendita deixada pelo ex-presidente Lula.

Quando qualquer nação vai ao mercado financeiro e faz a emissão de títulos de sua dívida, normalmente esse País pagará juros baseados no risco que economia local apresenta. Quanto menor é o juro, maior é a segurança oferecida aos investidores. A menor taxa de juro oferecida aos investidores que compram os papéis brasileiros era de 3,449% ao ano, numa operação feita em janeiro de 2012, quando foram captados US$ 825 milhões. 

A taxa de juro de 2,686% ao ano, 110 pontos acima do juro dos títulos americanos, indica que a dívida brasileira apresenta um baixíssimo grau de desconfiança ou risco aos investidores. Países como Portugal, Itália e França, há dois meses, sem falar da Grécia, fizeram emissões de títulos no mercado, mas como há um risco por conta da degradação das contas internas, por causa da crise financeira internacional séria na Zona do Euro, os juros ficaram bem acima do que o obtido pelo Brasil. 

Spread

A diferença entre o juro pago pelos títulos norte-americanos, os treasury bonds (T-Bonds), e o juro pago por outras nações são calculados de acordo com o prazo de vencimento dos títulos, dez, vinte anos. Se o juro a ser pago pelo Brasil ficou em 2,686% ao ano, o americano está em   2,576% ao ano, os 110 pontos básicos de diferença e que é chamada de “spread”.

E é justamente sobre essa diferença que o governo trabalha para reduzir os juros cobrados aqui dentro do Brasil. A taxa Selic em 7,5% ao ano e a inflação em torno de 5% significa que o ganho real ao investidor é de 2,5%. Mas nas operações de crédito direto ao consumidor (CDC) ou para as empresas, essa diferença é bem maior. Apenas nos financiamentos de veículos é possível obter uma taxa de juro bem baixinha, em torno de 0,99% ao mês, embora no ano corresponda a quase 20%. Se o investidor recebe uma rentabilidade em torno de 7,5% ao ano para aplicar manter seu dinheiro aplicado, o banco, ao financiar um veículo, poderá receber juros de 20%. A diferença de 12,5% é o spread bancário que o governo quer derrubar.

Copom

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) divulgou ontem sua ata na qual traça um cenário sobre o comportamento da economia e da inflação. O relatório aponta que a inflação está seguindo em direção da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 4,5% ao ano. De acordo com o teor na ata, houve uma inversão na tendência de alta da inflação. O movimento agora é de queda, contribuindo para melhorar as expectativas dos agentes econômicos, em especial os formadores de preços. A Taxa Selic está em queda há um ano e a inflação, segundo o relatório do Copom, está convergindo para o centro da meta, que é 4,5%.

A ata do Copom observa que diante do cenário econômico atual, nova queda da Taxa Selic será feita com a “máxima parcimônia”. Em outras palavras, pode ser que a Taxa Selic de agora até o fim do ano chegue a 7,25% ou a 7%. O Copom avalia que a atividade econômica do Brasil ganhará um ritmo mais intenso a partir de agora até o final do ano, tendo continuidade no ano que vem.

Marcello Antunes, com informações da Agência Brasil

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