Raul Filho refuta vídeo e nega envolvimento com Cachoeira

Ele disse que as gravações mostram apenas um panorama sobre o que a cidade poderia oferecer em termos de possibilidades de investimentos.

O prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), garantiu, em seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a organização criminosa d e Carlos Cachoeira, que não há qualquer relação entre sua administração e o contraventor. Ele negou que tenha oferecido vantagens ao grupo, refutando o vídeo apresentado no domingo retrasado (1º/07) pelo programa “Fantástico”, da Rede Globo. Foi o impacto dessas imagens que motivou a convocação do prefeito. Nelas, o prefeito negocia apoio para sua campanha eleitoral de 2004, e oferece a exploração de “oportunidades” a Cachoeira. Antes de ser inquirido pelos parlamentares, Raul Filho descreveu sua trajetória política, iniciada em 1988. Pela ordem, ele passou pelos seguintes partidos – PDS, PFL, PSDB, PPS e PT – e colocou seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à disposição da CPMI.

Ainda antes das perguntas, ele disse que as gravações mostram apenas um panorama sobre o que a cidade poderia oferecer em termos de possibilidades de investimentos. Assegurou, ainda, que não recebeu qualquer tipo de apoio ou doação de campanha de Cachoeira ou mesmo da Delta. E, embora tenha negado que seu amigo Sílvio Roberto fosse tesoureiro de sua campanha, disse que a mesma pessoa lhe garantiu não haver qualquer tipo de apoio ou doação de campanha de Carlos Cachoeira ou da Delta. “Nunca tivemos nenhum tipo de relacionamento, ou intimidade, para buscar esse tipo de apoio”, disse.

Sobre o vídeo, disse que tinha vindo a Brasília para conversar com um empresário e apenas no caminho foi informado de que esse empresário era Cachoeira e que o encontro seria em Anápolis (GO), cidade onde se localiza a residência e principal escritório de Cachoeira.

No vídeo, há a menção a recursos de R$ 150 mil que seriam repassados por Cachoeira para a campanha de Raul Filho, além da oferta de pagamento por um show de uma dupla sertaneja “O Sílvio me garante que não recebeu esses recursos”, disse o prefeito. Sobre o show, disse que não se tratava de uma dupla sertaneja – mas do cantor Amado Batista. “Ele foi por uma empresa que não tem qualquer vínculo com Cachoeira”, assegurou o depoente.

O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG) questionou sobre um depósito de RS 120 mil reais na conta de uma funcionária do gabinete de sua esposa, a deputada estadual Solange Duailibe (PT). Raul Filho garantiu que sua esposa apenas confiou numa indicação do irmão e chefe de gabinete, Pedro Duailibe. O prefeito explicou que, segundo Duailibe, o depósito seria o pagamento por “equipamento” vendido e os recursos teriam sido depositados na conta da assessoria porque seu cunhado não poderia ter contas bancárias por causa de “problemas com pensão alimentícia”.

 Segundo denúncias feita por um servidor, Duailibe seria um dos responsáveis pelos negócios da Delta – empresa ligada ao grupo de Cachoeira – em Palmas. Até abril, Duailibe era secretário de Governo e foi exonerado em abril.
Depois
de eleito, Raul Filho firmou seis contratos com a construtora Delta, empreiteira que está no centro das investigações da CPI do Cachoeira. Os contratos previam o recolhimento de lixo na cidade pelo valor total de R$ 119 milhões. Quatro deles foram assinados sem licitação.

“Sequer havia comentários de que a Delta tinha qualquer vínculo com Carlinhos Cachoeira”, observou Raul Filho. “A Delta somente atuou em serviços de limpeza pública mais de um ano depois do inicio do governo”. O prefeito citou o julgamento do Tribunal de Contas de Tocantins sobre os contratos na cidade e disse não haver irregularidades. “Procurei evitar dispensa de licitações no meu governo”, resumiu.

Giselle Chassot

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