Paim: Muitas mães sepultaram seus filhos. Mas muitas outras até hoje não tiveram esse direito. Foto: Pedro França/Agência SenadoOs desaparecimentos de milhares de sul-americanos durante os períodos da ditadura militar no Brasil, entre 1964 e 1985, e na Argentina (1976 a 1983) foram lembrados pelo senador Paulo Paim (PT-RS), durante discurso ao plenário nesta sexta-feira (8), como forma de homenagem às mães que “até hoje esperam pelo retorno de seus filhos”.
“Toda ditadura acaba com sonhos e esperanças. No Brasil nós tivemos longas noites de medo durante mais de duas décadas. Noites de fogueiras, de gritos, de lágrimas, de sangue, de morte. E filhos assassinados. Mães que até hoje ainda procuram seus filhos. Muitas mães sepultaram seus filhos. Mas muitas outras até hoje não tiveram esse direito”, lamentou o senador.
Ele recordou ainda das integrantes do grupo Mães da Praça de Maio, de Buenos Aires, na Argentina. Segundo estimativas dessa organização em defesa dos direitos humanos, mais de 30 mil pessoas desapareceram durante o regime militar no país vizinho. “Elas ficam em vigília até hoje, esperando a volta dos filhos, ou dos corpos, lutando por notícias de seus filhos desaparecidos”.
“Pensemos nas mães, nessas guerreiras que perderam seus filhos pela violência que campeia no nosso País e no mundo. […] Mães que perderam seus filhos na guerra, no mundo e nas guerras internas, como acontecem na maioria dos países. Mães que presenciam com a alma inundada de dor a decadência física e moral de seus filhos envolvidos e derrotados pelas drogas. […] Mães que estão sempre na trincheira em defesa dos filhos”, disse Paim.
O resgate de cerca de 500 mulheres e crianças, reféns do movimento extremista Boko Haram e que estavam retidas na floresta de Sambisa, na Nigéria, também foram lembradas por Paim. Muitas das vítimas estão grávidas devido aos abusos sexuais, sendo muitas delas jovens entre 13 e 16 anos. “Assim mesmo, e não poderia ser diferente, as mães as receberam – e nós vimos pela TV – com aquele carinho que só a mãe sabe dar”, afirmou.
As homenagens se estenderam ainda às mães do Nepal, afetado por um terremoto que matou mais de sete mil pessoas, às mães indígenas, “que assistiram ao genocídio de grande parte da nação”, às mulheres negras, “discriminadas”, às mães brancas e as demais “de todas as origens, etnias, raças, não importa a cor da pele ou a procedência”.
Carlos Mota
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