Regina Sousa quer discutir dados com o Ministério da SaúdeA redução da mortalidade materna no Brasil é uma preocupação constante de especialistas, autoridades e obstetras. Em 1990, a cada 100 mil nascimentos no Brasil, 143 parturientes perdiam a vida. Esse índice caiu para 63,9 em 2011, segundo o Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Ou seja, menos mulheres morrem hoje, no Brasil, em consequência de complicações da gestação e do parto.
Essa queda é consequência de investimentos em programas como a Rede Cegonha, que pretende assegurar as gestantes o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, parto e período que se segue ao nascimento dos bebês (puerpério).
Mas, segundo os especialistas que participaram nesta quarta-feira (01º) da audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), para debater o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, esses números poderiam ser ainda mais reduzidos. “É importante destacar que o Brasil tem conseguido diminuir a morte materna com políticas públicas e com a mobilização da sociedade civil e dos gestores estaduais e municipais de saúde”, resumiu a representante do Ministério da Saúde, Thereza de Lamare.
Os desafios para garantir essa queda não são poucos e variam desde o que os participantes do encontro chamaram de “causas diretas” – como intervenções equivocadas, omissões e tratamentos incorretos – até uma espécie de “racismo institucional”, que faz com que a morte materna seja mais comum em mulheres jovens, negras e pobres.
De acordo com a coordenadora-geral de Saúde das Mulheres, Rurany Silva, 62% das mães que morrem durante ou logo após o parto são pardas ou negras. A médica e coordenadora da ONG Criola, Jurema Werneck, acrescentou que 92% das mortes de gestantes durante ou no pós-parto poderiam ser evitadas.
Os números chamaram a atenção dos parlamentares presentes. A senadora Regina Sousa (PT-PI), autora do requerimento para realização da audiência e presidenta da reunião, disse que vai pedir ao ministro da Saúde, Arthur Chioro um novo encontro com os senadores para debater esses dados e procurar saídas para derrubar essa estatística.
Para a senadora Ângela Portela (PT-RR), o empenho do Ministério em melhorar o atendimento à gestante e cumprir objetivos de humanização do parto são evidenciados por ações como as campanhas pela redução do número de partos cirúrgicos (cesarianas) no País e por ações como a Rede Cegonha e pelo próprio Pacto de Redução da Mortalidade Materna e Neonatal.
O secretário de Saúde do Piauí, Francisco Costa, acrescentou que com a integração de ações entre o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais, a incidência de mortalidade materna e infantil é claramente reduzida. Segundo ele, foi essa união de esforços que garantiu menos mortes no estado.
Giselle Chassot
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