Viana: empresas da Lava Jato bancam eventos de Dória O senador Jorge Viana questionou, em pronunciamento ao plenário, nesta terça-feira (15), a participação do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, em um fórum de debates promovido por uma empresa de lobby e eventos, a Lide, de propriedade do pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, João Dória Júnior.
“Moro falou que trabalha para não ter nenhum vínculo político-partidário, mas atrás dele estavam as placas do tal Lide, uma máquina de fazer dinheiro do senhor João Dória Júnior que, à custa de dinheiro de empresas que estão na Lava Jato, sai fazendo encontros de políticos, de empresários no Brasil inteiro e fora dele”, narrou Viana, referindo-se a uma palestra do juiz Moro em Maringá (PR).
Viana ressaltou que não estava fazendo uma acusação com base em tão apenas notícias de jornal — como em geral se tem feito ao PT — mas revelou sua estranheza diante da cena, especialmente por se tratar de um magistrado que hoje encarna as esperanças dos brasileiros no combate à corrupção. “Talvez fosse o caso de se averiguar quantas empresas envolvidas na Lava Jato financiaram os negócios de Dória na Lide”.
O senador lembrou que dizem que João Dória vende lugares próximos à mesa de autoridades, quando promove eventos, facilitando contatos. “Será que ele fez isso também com o juiz Moro?”, questionou. Para o Viana, é importante refletir se um evento de uma empresa desse tipo seria o local adequado para uma palestra do juiz Moro, “um evento patrocinado pelo candidato do PSDB ou pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo. Será que aí não há um vínculo político?”
Ele concluiu, taxativo: “Isso não é bom. Isso é ruim para o juiz Moro, que tanta esperança traz para o Brasil, mas é péssimo também, quando vem num momento de enfrentamento”.
Sem atropelos
O senador também comentou a manifestação da filósofa Viviane Mosé, ouvida pela Rádio CBN – “empresa do Grupo Globo, que não prima, exatamente, pela isenção de sua cobertura jornalística” — na manhã desta terça-feira. A filósofa chamava a atenção para o fato de que ao lado da “parcela enorme” de pessoas descontentes com o governo, há uma parcela maior ainda que se expressou nas urnas últimas eleições. “E o descontentamento, por maior que seja, não é motivo para atropelar a Constituição”.