Profissionais do livro também estão contra a quebra da ordem democrática

Profissionais do livro também estão contra a quebra da ordem democrática

Brasileiros e estrangeiros, unidos, denunciam ameaça à democracia no BrasilA frente contra o golpe ganhou mais aliados importantes nesta segunda-feira (22), com a publicação do abaixo-assinado “Escritores e profissionais do livro pela democracia”, reunindo a posição de mais de mil profissionais, entre escritores, ilustradores, bibliotecários, editores, produtores e capistas, entre outros. Mais de mil nomes, entre a anônimos e celebridades, se declaram contra a ameaça de golpe representada pelo processo de impeachment comandado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Contra a presidente Dilma Rousseff não há qualquer comprovação de qualquer crime.

O escritor, cantor e compositor Chico Buarque está entre os mais conhecidos do abaixo-assinado que, no ato de sua publicação, reunia 1.256 adesões. Além de Chico, subscrevem ainda o documento Antonio Candido, Milton Hatoum, Slavoj Zizek, Leonardo Padura, Lira Neto, Raduan Nassar, Bernardo Carvalho, Laerte, Humberto Werneck, Aldir Blanc, Rubens Figueiredo e Davi Arrigucci Jr, além de muitos amigos queridos, parceiros de literatura – e de vida”.

“Não podemos imaginar a livre circulação de ideias em outra ordem que não seja a da diversidade democrática, gozada de forma crescente nas últimas décadas pela sociedade brasileira, que é cada vez mais leitora e tem cada vez mais acesso à educação”, diz um dos trechos da declaração conjunta.

O manifesto para novas adesões encontra-se no site do Avaaz.

 

Leia, abaixo, o documento na íntegra:

“Nós, abaixo assinados, que escrevemos, produzimos, publicamos e fazemos circular o livro no Brasil, vimos nos manifestar pela defesa dos valores democráticos e pelo exercício pleno da democracia em nosso país, de acordo com as normas constitucionais vigentes, no momento ameaçadas.

Não podemos imaginar a livre circulação de ideias em outra ordem que não seja a da diversidade democrática, gozada de forma crescente nas últimas décadas pela sociedade brasileira, que é cada vez mais leitora e tem cada vez mais acesso à educação.

Ainda podemos nos recordar facilmente dos tempos obscuros da censura às ideias e aos livros nos 21 anos do regime ditatorial iniciado em 1964.

A necessária investigação de toda denúncia de corrupção, envolvendo a quem quer que seja, deve obedecer às premissas da legalidade e do Estado democrático de direito.

O retrocesso e a perda dos valores democráticos não interessam à maioria do povo brasileiro, no qual nos incluímos como profissionais dedicados aos livros e à leitura.

Ao percebermos as conquistas democráticas ameaçadas pelo abuso de poder e pela violação dos direitos à privacidade, à livre manifestação e à defesa, combinadas à agressividade e intolerância de alguns, e à indesejada tomada de partido por setores do Poder Judiciário, convocamos os profissionais do livro a se manifestarem em todos os espaços públicos pela resistência ao desrespeito sistemático das regras básicas que garantem a existência de um Estado de direito.

 

Dizemos não a qualquer tentativa de golpe e, mais forte ainda, dizemos sim à Democracia.” 

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