Organizações sociais se unem contra racismo e machismo

Organizações sociais se unem contra racismo e machismo

Debatedores destacaram importância dessa união quando há risco de perda de direitos

Carlos Mota

30 de novembro de 2016 | 15h20

Foto: Alessandro Dantas
 

O percentual de mulheres brancas assassinadas no período de 10 anos (2003 a 2013) caiu em 10%. O dado é certamente positivo, mas agregado a ele há um índice alarmante: no mesmo período, o número de vítimas negras cresceu 54%. Para aprofundar o debate e as ações sobre temas como esse foi lançado, nesta semana, o Fórum Permanente pela Igualdade Racial (Fopir).

O fórum une diversas organizações da sociedade civil – das mais diversas áreas de atuação – no enfrentamento ao racismo e ao machismo no Brasil. O objetivo é desenvolver estratégias e buscar a efetivação de políticas públicas de promoção à igualdade racial e de gênero. Nesta quarta-feira (30), o lançamento do Fopir foi tema de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado (CDH).

“Essa união [de organizações sociais] é fundamental, ainda mais num momento tão difícil, em que as forças conservadoras invadem o Congresso, o Executivo e o Judiciário. É necessário que o branco, o negro e o índio estejam entrincheirados para defender o que nós construímos ao longo desses 20 anos e tentar avançar”, defendeu o senador Paulo Paim, presidente da CDH.

Os debatedores da audiência destacaram a importância do espaço quando há risco de perda de direitos. Propostas como a PEC 55 (241) – que reduz os gastos públicos por 20 anos –, por exemplo, ameaçam reduzir os investimentos do governo em áreas fundamentais para a população mais pobre, que é majoritariamente negra.

“Não só dependem de um Estado que assegure esses direitos, como também são eles [os mais pobres] que pagam mais impostos neste País. Como é que a gente mais paga impostos e esses impostos não serão revertidos para o nosso benefício?”, questionou Valdecir Nascimento, coordenadora da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB).

Para a senadora Regina Sousa (PT-PI), que presidiu a audiência, os negros serão os primeiros a sofrer na carne com as perdas geradas pela PEC 55. Entre elas, o fim da política de cotas.

E não é só no Brasil que direitos e conquistas da população negra estão ameaçados. Segundo Vicenta Camusso Pintos, da Rede de Mulheres Afrodescendentes do Cone Sul, um processo semelhante ocorre na Argentina, país que saiu do governo popular de Cristina Kirchner para o ultraconservador e neoliberal de Mauricio Macri.

“Vocês [do Fórum] têm o compromisso das mulheres afrodescendentes do Cone Sul. Estamos atentas à situação do Brasil, que é similar em relação aos problemas que estamos vivendo na Argentina. É um momento de união, de ultrapassarmos fronteiras”, disse Vicenta.

O Fopir foi lançado na terça-feira (29), em Brasília, e conta com o apoio de entidades como a Organização das Nações Unidas (ONU). A agenda do grupo inclui o combate ao genocídio dos jovens negros, à violência contra as mulheres negras e à intolerância religiosa.

 

MULTIMÍDIA

VÍDEO: movimentos explicam Fopir

 

ÁUDIO: Valdecir Nascimento, coordenadora da AMNB, explica a importância do Fopir

images/audio2016/valdecir_3011.mp3

 

ÁUDIO: senador Paulo Paim comenta o Fopir

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ÁUDIO: senadora Regina Sousa comenta sobre a perda de direitos dos negros

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FOTOS: imagens da audiência

{Flickr set=72157677257010915}

 

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