O Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel está desde o início da manhã desta quinta-feira (19) na porta da sede da Polícia Federal, em Curitiba (PR), esperando uma autorização judicial para visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso nas dependências da PF. “Lula é um preso político e sua situação transcende as fronteiras do Brasil. É uma questão mundial que está na consciência e preocupação de gente de todo o mundo”, explica ele.
Esquivel, de 87 anos, está acompanhado do teólogo brasileiro Leonardo Boff, de 80 anos. Enquanto aguardam, os dois conversam com integrantes do Acampamento Lula Livre. Do Movimento dos Catadores, ele recebeu uma carta endereçada ao ex-presidente onde esses trabalhadores manifestam seu carinho e solidariedade a Lula.
Aos interlocutores, Esquivel ele manifesta profunda preocupação com o desmonte da democracia brasileira, desde o impeachment de Dilma Rousseff, há dois anos.
Golpe de Estado
“No Brasil, houve um golpe de Estado, como também ocorreu no Paraguai (em 2012) e em Honduras (2009). As democracias em nossa região vêm sofrendo retrocessos”, ressaltou Esquivel, lembrando que esse é um motivo de preocupação para todos os progressistas do mundo.
Apesar da aparência de “normalidade institucional” que se tentou dar a esses movimentos para depor governantes legitimamente eleitos, o Prêmio Nobel alerta que “democracia é muito mais que colocar o voto na urna”, como continua acontecendo nesses países. “Democracia é garantir direitos e igualdade para todos e todas. Hoje, no Brasil, olhamos em volta e vemos a fome. Lula lutou para mudar isso e tirou mais de 30 milhões de brasileiros e brasileiras da extrema pobreza”.
Nobel da Paz
Por esse motivo, explica Esquivel, ele apresentou o nome de Lula para Prêmio Nobel da Paz, reconhecimento que ele recebeu em 1980 por seu trabalho na denúncia das violações de direitos humanos cometidas na Argentina, seu país natal, nos anos da ditadura militar.
“Lula é um amigo de muitos anos. É um lutador pela vida de seu povo. Tenho esperança que iremos conseguir sua libertação”, afirmou.
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